segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Taça da Liga: notas e impressões

A primeira nota é uma impressão. Tenho impressão que o Porto foi de carrinho. Ai, não queremos, não gostamos, até nos dá nojo, não nos interessa, é secundário, há outras prioridades, blá blá blá. Fazem-me lembrar o Lobo Antunes (respect, António) que, nas palavras de um amigo meu, "nunca aceita prémios; sobretudo, os prémios que não ganha". Desdenhar até pode ser uma manifestação de inteligência; já esperar que o mundo inteiro vá na conversa é, no mínimo, um sintoma de ingenuidade. Toda a gente sabe que o campeonato é o campeonato e que as competições europeias são a maior das honras. E que a Taça de Portugal é um troféu histórico e do povo, com o seu quê de Volta a Portugal em Bicicleta, principalmente na final do Jamor. E que a Taça da Liga é este troféu imberbe, embora oficial, ganho apenas por Benfica e Vitória de Setúbal - com um prize money principesco para a prova que realmente é, já agora. E que o Porto nunca lhe meteu a unha e da única vez que o cheirou levou tamanho banho de bola que a dita Taça, hoje em dia, só lhes faz lembrar, por um lado, um melão - na cabeça - e, por outro, uma melancia - no sítio onde o sol doesn't shine, suponho. Daí que seja fruta que não lhes interessa para nada, não é?
A segunda impressão é uma nota: uma nota de 12 milhões de euros, para ser mais preciso. Preciso e necessário, para comprar o Sálvio, artista cientificamente comprovado, cujas qualidades muitas alegrias podem dar ao bom povo benfiquista (e ao menos bom também, que também o há). Até a brincar este jovem joga muito a sério. Se calhar é por isso que o Porto o quer: para poder ganhar a Taça da Liga mesmo sem querer.
Ontem na Vila das Aves também houve notas para tirar. Começaria por tirar todas as notas dos salários de Luís Filipe (não se pode dá-lo? Pagar para que alguém o leve?), Alan Kardec (continuo sem entender por que raio foi ele marcar aquele golo em Marselha, enganando-nos a todos) e, obviamente, César Peixoto (mesmo que tivesse jogado a ponta de um chavelho, o plafond dele há-de ser negativo até 2022). Menezes escapou à miséria quando se mudou para a esquerda, e não foi só impressão minha, é mesmo coisa digna de nota. Também pouco a sério, e como quem desenferruja, o capitão lá molhou a sopa de novo. Poderosa Amelinha brincar, brinca, mas muito pouco. Caso mais sério é o de Franco Jara, uma inspiração para a vista de benfiquista que se preze. Ele é todo feeling, garra, entrega. A isso acrescenta ainda uma técnica apuradinha e aquela coisa a que se chama o sexto sentido - ou sentido de baliza. Fernandez, em noite de estreia, teve um ou outro apontamento também dignos de nota. Fiquei com a impressão de que tem mau feitio (não festeja um golo que oferece e faz birra quando é substituído?) e parece ser lutador. Se não acrescentar nada a este primeiro relatório, temos reforço para o judo. Jardel teve problemas musculares, o que se compreende perfeitamente: o jogo foi contra o Desportivo das Aves e o defesa teve muito mais trabalho ontem do que nos tempos em que, com a camisola do Olhanense, chegava ao relvado e se limitava a ver os companheiros da frente jogar e esmagar o adversário. Mas acredito que, com o tempo, se adapte a esta nova realidade. Moreira esteve muito bem.
Agora, meia-final a uma mão, na Luz, frente ao Grupo Excursionista. Há que ser sério e encarar o jogo com concentração, não facilitando. As surpresas acontecem e eu não quero depois ouvir "ah isto, esta taça não me importa para nada". Se não se adequa ao senhor Villas-Boas, ao menino Jesus interessa muito menos.

Sem comentários: