quinta-feira, 31 de março de 2011

Coisas que eu gostava de ter escrito primeiro mas que veio alguém e puff... antecipou-se

Lido aqui.

Vocês aborrecem-me

Um grande avançado do futebol Português – Fernando Gomes – fez um dia uma comparação célebre: marcar um golo é como ter um orgasmo.

Os jogadores do Barcelona têm outras ideias: praticam o futebol tântrico.

O objectivo parece ser o de chegar ao orgasmo, mas preferem prolongar os preliminares. Por isso se perdem em carícias com a bola no meio-campo, à entrada da área, na grande-área, onde lhes for fisicamente possível. Raramente rematam de longe, não vá a bola penetrar na baliza demasiado cedo.

É um futebol jogado à luz das velas, ao som de música reiki. Os jogadores não suam, cheiram a incenso. Não correm, fazem exercícios de relaxamento. Parecem querer adiar o momento do golo até que o desejo do adepto seja insuportável. No futebol tântrico do Barcelona não existem adversários, apenas mirones.

O Barcelona de vez em quando dá umas cabazadas – o Mourinho não me deixa mentir. Mas estou convencido que no final desses jogos devem pensar: «Ejaculação precoce! Demasiados golos, demasiado depressa, não pode ser».

Às vezes tenho alguma confusão em acompanhar um futebol tão tântrico. Sei que estou a cometer uma heresia futebolística das grandes porque o Barça é a melhor equipa do mundo e ai de quem desminta, mas há momentos em que aquele futebol me deixa a bocejar.

Uma jogada de ataque do Barcelona é semelhante à publicidade nos intervalos dos filmes: podemos ir fazer xixi à vontade, pois quando voltarmos à sala nem o filme começou nem o Barcelona deixou de fazer tabelinhas à frente da grande-área.

E o adepto inglês que há em mim acaba por ficar sempre a torcer pela equipa adversária.

terça-feira, 29 de março de 2011

Se fosse só trocar o Saviola pelo Nuno Gomes ainda vá...

Hoje vou ver a equipa do Fábio Coentrão. Diz que vai jogar desfalcada. Vão pôr o Martins e mais uns portugueses - não sei qual é a ideia. Compreendo, do ponto de vista da preservação do património cultural imaterial português, nomeadamente pela televisionalização da língua portuguesa ("foda-se", "filhadaputa", "faiz o gol, cara", "caralho", mete-o no cu", "dá a bola, boi", por aí fora), mas não compensa o que se perde com a ausência do registo tanguero. Fora o, como agora se usa dizer, "aroma das pampas", existe ainda o dilema negro: Hugo Almeida ou Hélder Postiga para o lugar de Óscar Cardozo? A mim deprime-me.
Perante certas coisas, dou comigo a preferir vir um dia a ouvir o Coentrão gritar "hijo de puta" e "coño" a vê-lo humilhado no meio de tão fraca companhia.
Também por isto, equaciono seriamente a possibilidade de me naturalizar argentino - e aproveito para levantar aqui uma lebre: por que é que se chama "naturalizar" a um processo em que se atribui a um indivíduo uma nacionalidade diferente da original, essa sim, obtida "naturalmente" no sítio onde nasceu? Traz água no bico. Não quero ser picuinhas, mas estas situações causam-me desconforto.
Inevitavelmente, puxarei pela equipa do Coentrão. Puxaria nem que ele fosse para os Unidos de Kandahar ou para o Atlético de Piongiang. Mas será muito aborrecido vê-lo subir no terreno e saber que não haverá uma combinação com Aimar ou Gaitán. Entendo que o Jesus queira poupar a equipa para receber o Porto, mas isto parece-me um exagero.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Afinal não havia Celicas às riscas

Porquê o Porsche amarelo? Por ISTO. Só vale a pena até aos 2:20.

Pequeno contributo para a campanha de Dias Ferreira

É complicado. Uma pessoa não sabe muito bem por onde começar, como abordar o assunto, até onde esticá-lo. É arriscado acrescentar o que quer que seja a uma obra-prima já concluída. Mas fica aquela sensação de que se pode ainda dar um retoque, o nosso toque pessoal. Provavelmente, tudo isto é fruto do meu egoísmo e existe aqui uma necessidade de apropriação: eu queria ter sido um bocadinho do Paulo Futre ali, naquele momento. Eu quero ser capaz de dizer convictamente a palavra “d’nhêro” ou dirigir-me a Dias Ferreira chamando-lhe “o grande homem” sem ter de morder os lábios. Eu quero dizer “twenty” quando estou a falar de um clube holandês sem qualquer problema de consciência.
Mas é a parte do “d’nhêro” a que mais me impressiona e cativa e é também sobre ela que vou debruçar-me. Ouço Futre dizer “d’nhêro” e sou imediatamente remetido para salões de snooker cheios de fumo invadidos pela dupla Tom Cruise e Paul Newman. Encantar-me-ia que o título do filme se pronunciasse “A cor do d’nhêro” e que Cruise fosse substituído por Jackie Chan. A cor do d’nhêro seria amarelo, como os chineses. Há um chinês particularmente amarelo que já fez história em Alvalade. Se não é o melhor chinês da actualidade, pouco importa. Eles são todos iguais, ninguém dá por ela. É este aqui. Era do Grande Dépór.

quinta-feira, 24 de março de 2011

O que mais me espanta é que ele tenha comprado um Porsche amarelo em vez de um Celica às riscas

Voos charter com quatrocentos e quinhentos chineses - ou mais, que eles têm muitos lá na China. Restaurantes, hotéis e companhias de viagem a pagar comissões. Sponsores. Sobretudo, sponsores. Milhões de sponsores carregadinhos de yuans... Como é que ninguém pensou nisto? Jogadores do twenty e do estudegarte. O Drente e o Franque Raicár. O Futre e o Dias Ferreira. Uma equipa a jogar em quatro-três-três e, em muitos jogos em casa, como o Barcelona, em três-quatro-três. E eu, que ando há quatro dias a tentar imaginar um texto com graça sobre o Nuno Gomes. Eu, que ando há quatro dias a ver, em repeat, o vídeo do golo do Gaitán e não consigo concentrar-me em mais nada. Como é que eu vou fazer para escrever alguma coisa decente para este blogue nos próximos 15 dias quando tudo o que me ocorre é isto: será que consigo decorar esta conferência de imprensa e reproduzi-la, palavra por palavra, gesto por gesto, um dia, aos meus netos? O plantel vai estar com dezanove jogadores e mais um: Aquele, o melhor jogador chinês. Posso votar dia 26? Posso? Oh, vá lá... É só desta vez...

terça-feira, 22 de março de 2011

Vamos lá jogar para o break-even

Teorizavam, há pouco, num balcão de café...

-E o Nuno Gomes, pá?
-...
-Ontem, foram mais dois.
-É...
-Possa, o homem está de pé quente.
-Pô.
-Diz no jornal que só jogou 90 minutos esta época.
-Toda a época?
-Toda a época. E fez 5 golos! Em 90 minutos, vê tu...
-Era pô-lo a titular contra o Porto...

Lá anda o Sousa Tavares a mexer nos computadores outra vez...

O Jogo diz que a UEFA vai manter o actual sistema de qualificação das selecções para o Mundial de 2014. O título da notícia chamou-me a atenção. Fui ler e fiquei a saber que então a coisa é assim: "as 53 selecções europeias serão divididas em oito grupos de 6 equipas e em dois de apenas 5".

Mais pedra mole em gente dura...

... e o melhor é pôr água na fervura.

Porque há gente que gosta mesmo de futebol em todos os clubes, independentemente da gentalha que tenta estragá-lo, espero que os Benfiquistas saibam receber o rival na Luz: puxando pelo Benfica até à exaustão. Entrar em guerras sujas é descer o nível.

PS - Tenho visto em muitos blogues (de ambos os lados), em caixas de comentários e posts, apelos à vingança, à violência, à batalha campal; ameaças, promessas e outras parvoíces. Meus amigos, isto é futebol. Pensem bem no assunto. Vocês (falo para uma maioria, evidentemente) que, provavelmente:
-baixam a bolinha quando o vosso chefe vos maltrata;
-não reclamam com os preços enganados no super-mercado porque é uma maçada;
-nunca pediram um livro de reclamações na vida;
-nunca questionaram uma autoridade;
-nunca se insurgiram em nome do próximo;
-etc.
Muitos de vocês são os mesmos que apedrejam, agridem, espancam em matilha, atacam pela calada. Sejam homenzinhos. Vejam a bola em paz. Usem essa vossa garra, essa vossa coragem desmedida, essa bravura heróica toda, para coisas que verdadeiramente importem. Divirtam-se com o futebol, gostem dele. Pensem nos vossos amigos portistas e sportinguistas. E nos Benfiquistas, já agora. Não vos parece um bocadinho estúpido andar aqui, de vingança em vingança, de pedrada em pedrada, por causa de um jogo de bola?
Li também por aí que os Benfiquistas não teriam moralidade para se indignar com este último ataque porque "assassinaram um adepto do Sporting no Jamor". A todos os indecentes e inclassificáveis tristes que usam este argumento (e que ainda por cima acreditam nele), deixo aqui uma palavrinha: não brinquem comigo. Não confundam um criminoso com uma legião de fãs de um clube. Não misturem o meu nome e o nome de milhares de pessoas de bem com o de um monte de merda que matou uma pessoa num estádio de futebol. Não me interessa se ele é do Benfica ou do Desportivo de Chaves - acham que essa merda tem relevância? Mas não sejam rasteiros, não sejam faceizinhos. Não me insultem a inteligência. Vocês conseguem melhor que isso. E sim, eu tenho moral para repudiar e recriminar quem quer que ande a destruir o desporto que eu mais adoro.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Pssst... ainda te lembras de mim?

A relva do Neckarstadion estava, nesse dia, especialmente escorregadia. Vi o Dito, o Elzo e o Pacheco escorregarem frequentemente. Penso que foi o Pacheco que trocou de botas com o jogo a decorrer. Não havia pitons que agarrassem a velocidade e a elegância daquele Benfica ao chão e, assim, eram raras as bolas que chegavam em termos à cabeça de Rui Águas ou a qualquer região do globo a que Magnusson tivesse acesso.
Na altura eu era muito miúdo. Tanto que as memórias mais claras que tenho do futebol anterior à final de Estugarda são três: Diego Maradona e os imponentes estádios mexicanos (destaque para o monumental Azteca e para a mão contra Inglaterra); o calcanhar de Madjer em Viena (e um bronco muito sôfrego que não partilhou a taça com nenhum dos colegas) e um relato de bola em que o Sporting estava a ganhar ao Benfica e que, a dada altura, a minha mãe disse “vá, já chega filho, anda ajudar a mãe, vamos desligar isto”.
Lembro-me que, à altura, o Silvino ainda tinha a difícil missão de substituir o enorme Manuel Bento à frente das redes Gloriosas; e que a braçadeira também ainda não ganhara musgo no braço de Veloso.
Há pouco, omiti uma memória ligeiramente anterior: duas cabeçadas triunfais de Rui Águas, daquelas tão elegantes que imagino o rosto de Van Basten na cabeça do 9 Benfiquista – questão claramente genética: sangue puro é sangue puro!
Também me lembro, muito claramente, que o meu pai tinha – ainda o tem – um prato do Benfica, lá no móvel da sala, que lhe fora oferecido por um tio dele, julgo eu. O meu pai foi ver o jogo ao café, com mais amigos Benfiquistas. Saiu confiante.
Quando regressou, disse “raisparta o Veloso, nem sabe marcar um penalty, cabrão do homem!” e pegou no prato, penso que ia atirá-lo pela janela. A minha mãe pôs água na fervura “isso não é ser Benfiquista, isso é só ter raiva… que culpa tem o prato que o Veloso não tenha força?... Ainda por cima oferecido pelo teu tio!”. Ele lá se acalmou. E depois, voltando-se para mim, disse com mágoa “já os vi ganhar duas, era eu da tua idade. Desde então – desde o Bella Gutman! – nunca mais… já são quatro que vejo perder…” e eu por alguma razão senti-me culpado, porque era a primeira a que assistia, porque tinha a idade que o meu pai tivera quando ganhou as outras duas e porque não consegui repor a sorte do Benfica, fazer com que ganhasse novamente. E prometi a mim mesmo aplicar-me mais, dar mais atenção, projectar melhor a minha energia. E aplaudir os nossos jogadores em qualquer circunstância, ir ao Estádio sempre que pudesse e proteger aquele prato sempre que a coisa corresse mal.
Mas lembro-me, mais do que de tudo o resto, de ter desejado um dia poder voltar a ver o Benfica enfrentar o PSV. Se possível, em plena Luz. Para, então, poder desfazer aquele sentimento de culpa que nunca consegui debelar. Dia 7 de Abril, isto é entre nós, ó Eindhoven: só eu e tu, olhos nos olhos.

Puxa, quanta gentileza, rapaz...

"CSKA foi a equipa que criou mais problemas no Dragão esta época".
(André Villas-Boas)

Aparentemente, o Porto perdeu em casa com o Benfica e com o Nacional sem problema nenhum.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Não leio nas ursas polares nem nos rinocerantes brancos

A sério que eu sonho mesmo com estas coisas. Não tenho como explicar.

Pequeno susto matinal

Afinal, não há motivo para receios ou estados ansiosos. Acordei em sobressalto, meio confuso. Mas não passou de um mal entendido. No sonho de anteontem para ontem, perguntava eu a alguém que ouvia o relato na telefonia “quantos há?” e ele “isto ainda está a zero”. A situação mantinha-se e do atento ouvinte nem uma expressão que denunciasse alteração no marcador. “Acabou” disse, entretanto, passados os 90 minutos mais o tempo extra, tirando os auriculares e desligando o rádio a pilhas. “Pôrra, e eu ainda com aquela esperança de que este ano é que era…”.
Já estava a abrir a torneira do lavatório quando me ocorreu “espera aí… zero a zero?! Epá, mas isso chega” e depois sorri ainda com aquela cara de sono e até me custou lavar os dentes, porque continuava a sorrir, era só espuma e pasta de dentes por todo o lado.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Diria que estamos perante a sportinguização do Portimonense

Não é apenas claro, é mesmo o que absolutamente se impõe: Jorge Jesus conformou-se e abdicou de um campeonato já há muito perdido para fazer uma espécie de “pré-época em curso”, rodando jogadores de segunda linha, experimentando novidades e comprovando aquilo que há muito se vem sabendo – que o dinheiro gasto em Kardec mais valia ter sido investido em milho para pombos ou em vinho verde de qualidade duvidosa.
Posto isto – “isto” é o treinador do Benfica já não querer saber do campeonato para nada -, Jorge Jesus fez alinhar de início o já conhecido mas até ontem inédito “quarteto ofensivo”: Luís Filipe, César Peixoto, Felipe Menezes, Alan Kardec e Roderick – eu sei que são cinco, mas o Luís Filipe não preenche os requisitos mínimos para sequer fazer número. É preocupante para um Benfiquista ver qualquer uma destas vedetas com aquela camisola vestida; é angustiante para um Benfiquista ver mais do que um deles na mesma convocatória; é absolutamente ofensivo para um Benfiquista vê-los aos quatro mais o outro em campo, em simultâneo.
Numa situação normal, Paulo Baptista teria chegado junto do delegado do Benfica ao jogo e exclamado “olhe, faltam-lhe aqui cinco jogadores e, como sabe, não pode alinhar com menos de sete…”. Mas mais uma vez se viu como o Benfica tem os árbitros na mão. Paulo Baptista fechou os olhos à situação e deixou que o Benfica entrasse em campo com cinco a menos, o que é ilegal e teria dado automaticamente os 3 pontos ao tão aflito e necessitado Portimonense por falta de comparência da equipa da casa.
Perante este Benfica com seis em campo, Carlos Azenha não foi de modas nem deixou créditos por mãos alheias: pumba, conseguiu um empate! No final, mais pesado três quilos e quatrocentos derivado do orgulho, falou para o entrevistador da SportTV como se tivesse subido ao palco do Kodak Theatre: agradeceu aos jogadores, à direcção, ao presidente, aos 14 adeptos que se deslocaram à Luz, à mulher, ao pai, à mãe e ainda dedicou ao filho a irrepetível façanha, como quem diz “eu não te disse? Hum? Eu não te disse?”. E os seus olhinhos brilhavam como os de um sportinguista que tivesse acabado de assistir ao mesmo jogo…

sexta-feira, 11 de março de 2011

O adversário

Não vou estar com hipocrisias - rivalidades são rivalidades e as picardias desempenham no futebol a função do caldo Knorr de galinha na canja da mesma ou a da caneca de sumo de laranja a seguir ao copo do Efferalgan (perdoem as analogias, o meu universo tem sido bastante limitado): dão-nos uma certa alegria, apesar de tudo. Acredito que a saúde dos espíritos desportivo e competitivo não passa pela diplomacia excessiva ou pelos tiques de nobreza, mas antes pela frontalidade e pela franqueza com que se enfrentam lealmente "os adversários". No fundo, não acredito que um futebol delicodoce seja melhor do que um futebol sem salamaleques. Também eu sou capaz de sorrir se o CSKA for ao Dragão dar três e ainda acrescento "só se perderam as que bateram no poste..." - sim, eu gosto muito de rankings da UEFA, são giríssimos, mas a vida é feita de prioridades. Quando o Sporting foi eliminado pelo Rangers, excepcionalmente saiu-me apenas um "bolas... não há nada que não lhes aconteça". Mas não deixei de esboçar aquele sorriso de "temos muita pena, realmente".
Vem isto a propósito de um fenómeno que prospera e que tanto me intriga. Por vezes, em certos estádios, ouve-se o speaker referir-se à equipa visitante como "o adversário" (na Choupana, na visita recente do Sporting à Madeira, usou-se a versão alternativa, a imaginativa designação "equipa visitante"). Caramba, então "o adversário" não tem nome? Ou nem sequer sabem contra quem é que jogam? Da última vez que isto aconteceu foi em Braga e "o adversário" foi o Benfica. Por acaso estranhei que não tivessem conseguido identificar o nome da equipa campeã nacional, mas o futebol é recheado de coisas difíceis de explicar.
Não quero que me confundam ou me interpretem mal. Não estou à espera que os adversários gostem imensamente do Benfica, que sejam super-simpáticos com o Benfica, que usem paninhos quentes com o Benfica ou que apoiem o Benfica contra o seu próprio clube (N. do A.: se bem que já reviam o criativo cântico do filhos da puta SLB filhos da puta SLB de cada vez que marcam um golo - é só uma opinião). É uma questão de educação. As pessoas têm nome, as equipas têm nome, as terras têm nome. E saber receber - quer se trate de um adversário ou de um aliado, como por vezes ocorre - não fica mal, a ninguém.
O que mais me impressiona é que a moda seja submissa e tristemente importada do Estádio do Dragão, onde o estatuto de "adversário" que o Benfica tem é já tradicional. Não sei se a intenção original do Porto era simplesmente ser indelicado para com o Benfica e magoar os nossos sentimentos ou se, pelo contrário, deveríamos sentir-nos lisonjeados por sermos "O adversário" - contudo, declinamos o honroso estatuto, pois acreditamos que, num mundo normal, "o adversário do Porto" só pode referir-se a uma equipa da PJ ou a um colectivo de juízes.

Nunca neguei à partida uma ciência que eu desconhecesse

Não quero estar aqui armado em meteoroligista, mas calhei olhar para a Ursa Polar e não pude deixar de notar a extraordinária probabilidade de vitória do Benfica sobre o Portimonense por dois a um - sendo que "o adversário" marca primeiro, segundo o animal estelar.

quinta-feira, 10 de março de 2011

"Racionalidade" é uma palavra que devia ser impronunciável na minha boca

Um homem não deve negar a sua natureza. Ser Benfiquista ensina-nos isso mesmo. Dá-nos até provas concretas de que renegar a massa de que se é feito quase nunca é uma boa ideia.
Por natureza, o Benfiquista é - e os nossos adversários não se cansam de o repetir sob as mais diversas formas - um ser irracional, muito pouco dado a assuntos como a lógica, no que respeita a argumentos, ou como a ciência, no que toca a explicar fenómenos um pouco mais esquisitos. Um Benfiquista-nato sabe perfeitamente que se um remate do Cardozo vai ao poste, tal evento nada tem que ver com física: é um "azar do c#"$#%&, pá!". Se o Aimar faz uma distensão muscular, isso não se deverá à carga de esforço, mas antes a qualquer coisa que "'tava-se mesmo a ver, f#%$-#&, isto andava a correr bem demais...". Se a equipa anda em baixo de forma e precisa de recuperar, há poucas coisas mais eficazes do que um ritual pagão que comece por volta das seis e meia da manhã com cinco amigos e duas grades de minis (mini é Sagres), voltados para o mar de Ribeira d'Ilhas, à espera que o deus sol nasça das águas para que lhe façamos súplicas futebolísticas. E se o sol teima em nascer de Oriente em vez do tão bem programado Ocidente, é porque "f&%$-#%, este ano nada nos corre bem". Não que eu alguma vez tenha feito isso. Contaram-me.
Há uns meses atrás, andava eu a contar jogos para o fim do campeonato, prometi cientificamente que "se o Benfica fosse campeão, rapava o cabelo". E o Benfica foi campeão. E eu não rapei o cabelo. Pensei "opá, crendices... vamos lá ser racionais, quer dizer... que relação pode ter o meu corte de cabelo com a qualidade de passe do Javi Garcia, o poder de antecipação do Luisão, a segurança do Roberto ou a velocidade do Gaitán?". Certo é que perdemos todos os jogos até eu ter feito o corte prometido, incluindo a Supertaça. Acabei por cortar o cabelo com três meses de atraso (foi no fim de Agosto). E o Benfica não começou logo a jogar maravilhas e a ganhar absurdamente. Lembram-se de quando é que o Benfica começou a jogar "à Benfica" e a ganhar como se não houvesse amanhã? Pois é, no fim de Novembro. Ou seja, três meses depois de eu ter cumprido a minha parte do acordo, portanto. Podem dizer-me que é coincidência. Mas não deixa de ser uma coincidência do camandro.
Sexta-feira que passou, tive uma recaída. Num ataque de desbenfiquismo, dei comigo a ser racional. Pus-me a fazer contas e a ser matematicamente coerente, a fazer planos para o futuro, a ter cautelas. Desisti do campeonato que, então, muito ingenuamente, julguei perdido; pedi ao Jesus para fazer rodar jogadores e para poupar outros, que pareciam cansados - como se um jogador do Benfica algum dia se cansasse! Resultado: um fim-de-semana a chocá-la até que, segunda-feira, na ressaca da derrota, a gripe deu cabo de mim. Coincidência uma ova! A racionalidade deu-me cabo das auto-defesas, atenção. O organismo não tem rotinas neste tipo de exercícios. Evidentemente, ressenti-me. Cheguei a ter mais de 38ºC, eu que tenho uma temperatura-base de 35,5ºC. Andei praticamente em delírio. E acredito piamente que foi a mãe natureza a explicar-me que aplicar fórmulas civilizacionais ao Benfiquismo é, por si, uma maneira delirante de estar na vida.
Agora que me recupero e quase respiro saúde com os meus modestos 36,6ºC, começo a cair em mim. Sobre o jogo de logo, não há muito a dizer. Vamos ganhar seis a zero e arrancar para a conquista da euroliga! Pressinto-o perfeitamente.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Segunda-feira de cinzas

Era domingo, dia 6 de Março, era Carnaval e o Benfica perdeu. Foi a primeira vez que tal aconteceu em 2011 – e aconteceu só depois de uma impressionante série de 18 vitórias consecutivas (das quais, cinco eu tive a honra de presenciar na Luz), uma série que começara ainda em 2010.
Se me custou? Pois custou. Não há derrota que não custe. E custa-me muito vê-los, no limite do esforço, a tentar, a tentar, a tentar… e a tentar mais uma vez, mais um bocadinho. Eu tenho muito orgulho nesta equipa, não sei se já o disse aqui. Tenho muito gosto em ver estas camisolas nestes rapazes. E comove-me vê-los, quase poéticos, a correr atrás de um campeonato que não se deixa apanhar. E fico feliz porque aquelas quinas nas camisolas são imensamente justas.
Ontem custou-me ver Javi ser expulso por levar uma cotovelada no estômago; e custou-me ver Roberto falhar – ele que tanto trabalhou para recuperar a confiança e que tantas grandes defesas tem feito; custou-me ver Saviola renascido a ser substituído por força das circunstâncias, ele que estava a ser notável, brilhante, como ele realmente é; e custou-me ver um grande golo marcado ao Benfica – mas, pelo menos, foi um grande golo, valha-nos o lado estético. Também me custou ver um público absurdamente incendiado, não se percebe bem porquê, contra o Benfica e, sobretudo, contra os seus jogadores – bolas de golfe? Isqueiros? Mas está tudo doido? No Dragão já é de esperar. Mas em Braga? Vou só fazer um pequeno ponto de situação: caros adeptos do Braga, vocês não são nossos rivais. Lamento. E lamento ainda mais ver o estádio de Braga transformar-se em mais um ringue gratuitamente anti-benfiquista. Porquê?
Agora, o que não me custou.
Não me custou, nada mesmo, “saber” hoje pela imprensa que o Porto é campeão. Primeiro, porque já o sabia (como é que o Benfica ia recuperar 9 pontos em 8 jogos perante uma equipa que perdera apenas 4 em 22? Matematicamente possível? Não pelas minhas contas…); segundo, porque não foi o Benfica que perdeu este campeonato – O Benfica está a fazer uma prova absolutamente notável! Foi o Porto que não se deixou apanhar. Uma equipa que cede pontos em apenas dois jogos só pode merecer ser campeã. Parabéns ao Porto. Fica a lição: para o ano, não são permitidos arranques em falso. E fica, sobretudo, a obrigação: para o ano temos de ser campeões.
Não me custou mas surpreendeu-me um pouco ser alvo da euforia de alguns portistas deslocados. Se à quinta jornada eram campeões, por que razão só agora se sentiram enlouquecidos pela vitória? Leva-me a crer que, afinal, não era só Jesus que ainda acreditava que o Benfica podia chegar ao título. Essa euforia festiva não me cheira a Carnaval, meninos. Soa-me mais a suspiro de alívio.
E também não me custou – e nem sequer me surpreendeu – ouvir os festejos dos sportinguistas pela derrota do Benfica. Na verdade, encontrei neles algum conforto. No momento da derrota, extraio uma espécie de satisfação sádica na consciência de que há alguém mais infeliz do que eu.
Era domingo e era Carnaval, o Benfica perdeu e isso foi histórico; hoje remexem-se cinzas, logo à noite haverá mais festa e amanhã haverá desfile no Sambódromo; quarta-feira haja cinza outra vez, que o fogo está de volta na quinta, no Inferno da Luz. E isso é que me importa. O resto é passado.

Isto não é Torres Vedras, bebé

Foi um pequeno delírio. No final da partida, cinco sportinguistas saíram de suas casas e chegaram à rua gritando "Braaaaaaga! Braaaaaaga!". Não sei se foi espontâneo ou se haviam combinado.
Foi então que os imaginei de cabeçudos, quatro, e um último, um qualquer, ao calhas, ou então o mais bêbedo, de matrafona, desfilando rua abaixo com bombos e tambores tum-tum-tum tum-tumtumtum tum-tum-tum tum-tumtumtum Braaaaaaaaaga tum-tum-tum tum-tumtumtum Braaaaaaaaaga.
Obviamente, não lhes levei a mal. Nesta quadra festiva, o ridículo perde cotação.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Leiam até ao fim; depois, então, apedrejem

Sejamos realistas: o Benfica não pode ganhar tudo. Não conseguirá fazê-lo. E não adianta sermos matematicamente optimistas nem alardearmos que temos a equipa que melhor joga em Portugal. O Benfica até podia ter a selecção brasileira… aliás, a selecção espanhola com o Messi, que ainda é melhor, todos vestidos de encarnado: não seríamos campeões nacionais. Dizer que “ainda é possível” não passa de um perigoso whishful thinking.
Por isto mesmo, é imperioso acabar com as esperanças e ilusões da equipa. Deixar que Jorge Jesus esgote o onze inicial (e mais Jara e Carlos Martins) para correr atrás de um título de campeão que só lhe cairá nas mãos se o plantel portista for vítima de uma epidemia de ébola é simplesmente suicida. Vamos gastar trunfos e energias, armados em dons quixotes, quando devíamos rodar a equipa, poupar jogadores, dar minutos de competição a planos b menos experientes mas que nos podem ser muito úteis em alturas cruciais (e mesmo no futuro, na próxima época). Já me dói ver o Coentrão e o Maxi e o Gaitán e o Sálvio e o pobre Saviola a darem o que manifestamente já não têm em busca de três pontos inúteis contra um Marítimo medíocre.
Não me interpretem mal: ver o Benfica ganhar faz-me sempre feliz. E deixa-me imensamente satisfeito ver aquele espírito de sacrifício, aquela garra, aquela vontade toda ali, no campo. Mas, se contra o Sporting se tratava de uma obrigação – tratava-se de uma meia-final a um mão -, já contra este Braga, no próximo domingo, será um erro estratégico apostar na mesma dose de esforço. É que, se os jogadores rebentarem a desgastar-se com jogos insanos para um campeonato que ficou perdido à quarta jornada, como é que podemos querer ganhar as competições restantes? Com a equipa de juniores? O Villas-Boas olha para nós, olha para o Jesus, sorri e esfrega as mãos de contentamento. Pudera! O campeonato já é dele. E a eliminatória da Taça de Portugal ainda não está fechada, desenganem-se. E é só por isto que ele admite que sim senhor, está borradinho de medo deste grande Benfica, que realmente não se pode perder pontos. Ele quer que o Benfica rebente. Para, em Abril, vir à Luz e humilhar o Benfica, virando a eliminatória. Jesus não pode deixar que tal aconteça. Temos essa segunda mão da meia-final, temos a final da Taça da Liga (contra a terceira melhor equipa portuguesa da actualidade…) e temos uma Liga Europa – se não se pode exigir que a ganhemos, é legítimo que, pelo menos, se exija que ganhemos prestígio e respeito.
Por tudo isto, o melhor que poderia acontecer ao Benfica amanhã era que o Porto ganhasse uns 7 ou 8 a zero ao Vitória. Para nos tirar as esperanças no campeonato; para nos focarmos no que, neste momento, verdadeiramente importa. Eu sei que tudo isto soa mal. E se me custa abdicar de um campeonato matematicamente ao alcance! Mas há que ser pragmático e definir prioridades. E, antes que sejam os próprios benfiquistas, em vez dos homo habilis do costume, a obrigar-me a “moderar” os comentários, pensem: preferem ter equipa para ganhar duas provas e lutar por uma competição europeia ou continuar atrás do campeonato-miragem e perder tudo, num exercício claramente peseirista?

A salvação

Às vezes penso na vida. Inevitavelmente, penso também na morte. O que é isso de estar morto? Bem sei que há respostas criativas a esta questão. Poupem-nas. Não vou dissertar sobre não existir ou deixar de existir. Nada disso. Este blogue é sobre ser benfiquista ou, melhor, sobre como eu sou benfiquista. Não está aqui em causa um existencialismo mais que teorizado de um ser humano em sofrimento ou no esplendor da vida ou desfrutando da mesma. É o meu diário do meu benfiquismo, apenas isso.
Hoje (ou ontem, que isto das horas tem o seu quê de convenção) soube que um amigo - que eu nunca conheci e de quem não sei (sabia) o nome e a cuja existência real nunca tive acesso - morreu. Comentava num blogue do meu coração. E fazia-o com a sua postura, com a sua excelência, com o seu benfiquismo. Mais velho do que o meu (o benfiquismo) por motivos absolutamente cronológicos. E eu só então me apercebi que, realmente, lá faltavam os seus comentários assíduos há já algum tempo, a sua graça, a sua manifestação. No fundo, ele já lá faltava havia algum tempo. Mas uma pessoa pensa sempre que é "por um motivo qualquer". O dele não era "um qualquer". Era o último de todos.
Mas não é por isso que escrevo. Não sou competente o suficiente para discursos de despedida e não quero, de modo algum, elogiar a sua figura, ainda que blogosférica (para mim), com tristezas e pesares. Escrevo porque às vezes penso na tal coisa de deixar de existir benfiquisticamente. Quantos golos do Benfica eu não vou ver, quantas vitórias não vou festejar, quantos empates não vou lamentar, quantos golos sofridos não me vão irritar, quantas derrotas eu não vou poder sentir com os meus, com os meus benfiquistas todos, com os meus jogadores, com o meu clube? Há tanta coisa do Benfica que ficará para além de mim, depois de mim. E eu aposto que ele, o Arquivo Vivo, lamentaria o mesmo (ou lamentava).
E hoje (ou ontem, vá), ao ler um texto que magnificamente o homenageava, eu encontrei uma espécie de salvação, um conforto para a eventualidade da minha ausência perpétua. Uma frase singela que dizia assim: "hei-de arranjar maneira de continuar a pagar-lhe as quotas, que isso dos gajos que são de um clube só até à morte é coisa de tenrinhos". E eu senti, muito egoisticamente, que quero ter um filho que diga o mesmo por mim, pelas minhas quotas, pela minha existência benfiquista. Que me segure sempre a esta espécie de irmandade, a esta religião bárbara. Porque o Benfica não se deixa assim para trás.

Até sempre, Arquivo Vivo. Cá estaremos contigo, pelos nossos.

quinta-feira, 3 de março de 2011

O fim do mito

Todos os anos, antes de todos os derbys, são vários os que escrevem ou apregoam que “ganha quem está pior”. Tal não corresponde, evidentemente, à verdade. Aconteceu umas quantas vezes, pontualmente (ok, não tão “pontualmente” quanto as vezes em que o Benfica foi eliminado da Taça de Portugal por uma equipa da segunda; nem tão pontualmente quanto as ocasiões em que o Benfica foi ganhar a Anfield Road – o que é normal, já que o Benfica defronta muito mais vezes o Sporting do que o Liverpool ou o Gondomar; mas, ainda assim, está longe de ser acontecimento recorrente ou minimamente frequente) dizia eu que aconteceu “pontualmente” a equipa underdog bater o rival que vai na crista da onda.
Vamos a exemplos. O campeonato do Benfica, em 2005, ganho contra um Sporting que poderia ter feito história (e que a fez, na verdade, ao perder tudo quanto podia) quando – reparem no detalhe – o Simão era, de longe, o melhor jogador do Benfica (não sei se ria, se chore). Em 2000, os sportinguistas chegaram a Alvalade munidos de garrafas de champanhe e de confétis e o Benfica, conhecido durante a semana anterior à partida como “os cabeçudos”, esse pobre Benfica que se arrastava pela lama, acreditou em Sabry, um egípcio magrinho comprado na Grécia que iluminou as verdes hostes: explicando, primeiro, como se marcava um livre directo (André Cruz terá tirado notas); e indicando, com o mesmo pontapé, um possível destino para as garrafas que sossegavam nas mochilas. Em 1994, quando o Benfica tinha um presidente à Sporting (Jorge de Brito, que descanse em paz) e o Sporting tinha um presidente esquisito e conseguiu roubar ao Benfica, no defeso de ‘93, todas as jóias da coroa deixando-nos apenas o ceptro, João Pinto foi a Alvalade, com Isaías e Vítor Paneira, embalar O Grande para aquele que seria o último título de campeão nacional benfiquista no espaço de 11 anos: ficou 6 a 3 para o Benfica quando havia quem previsse goleada do Sporting, antes de as equipas subirem ao relvado (na altura, ainda não se conhecia Carlos Queiroz com grande detalhe). Mas também o Sporting ganhou enquanto underdog, não se pense que era exclusivo benfiquista. Em 1986-87, o Benfica foi a Alvalade perder por 2 a 1 ao intervalo, num ano em que foi campeão com 14 pontos de avanço sobre o rival e num campeonato em que essa mesma derrota foi A ÚNICA que sofreu em toda a prova. De notar que, nesse ano, e apesar de o Benfica ser favorito, o Sporting tinha, entre outros, Manuel Fernandes (não é o do Valência, é o que era do Setúbal), quando este ainda não era treinador, o que faz a sua diferença.
Estes são alguns exemplos – haverá mais – que podem justificar a existência desse mito que diz que “ganha quem está pior”. Ontem, na Luz, um Benfica com 17 vitórias consecutivas recebeu um Sporting que vinha de 7 jogos sem ganhar. Ganhou o Benfica. Foi o sétimo derby consecutivo em que o Sporting não ganha, numa era em que a superioridade benfiquista a priori não tem merecido contestação. Dará para acabar com o mito?

Momento quase sentimental

Depois do que vi ontem na Luz, seria, no mínimo, estúpido amesquinhar ou tentar achincalhar. O Sporting fez um grande jogo. Pode não ter sido muito bonito. Mas foi combativo, inteligente e, como se diz agora, “intenso”. Foi, durante esses 90 minutos, o “velho rival”.

Se esta exibição tiver sido um acontecimento pontual, o parágrafo anterior não passará de um momento de nostalgia lamechas; se, por outro lado, for o início de uma recuperação sportinguista, mais tarde virei cá apagar este post que é para não parecer mal e não pensarem que tenho qualquer simpatia pela colectividade.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Vai deixar de ser Catedral para se tornar Santuário

"[o Benfica,] clube que, entre Reyes e Sálvio, se tornou numa espécie de Lourdes para o Atleti: manda para lá zombies e devolvem-lhe futebolistas."
(Iñako Días-Guerra, As)

E se descobrem que o treinador se chama Jesus, mandam o Aguero e, com alguma fezada, o próprio Quique.

Antevisão da contenda

As vitórias morais são a maneira mais higiénica de ganhar qualquer coisa: não apanham pó. É por isso que o Sporting não gosta delas e é também daí que vem o júbilo sportinguista pela vitória que aconteceu em Alvalade no último jogo contra o Benfica. Se em termos futebolísticos, a questão não passava de uma formalidade mais moral que competitiva, já na bancada a disputa almejava a conquista de pontos. Nos mais variados sítios do corpo. E a Juve Leo foi esmagadora, não dando chance à PSP. Foi uma vitória sem espinhas partidas, mas que deixou mossa no adversário. Ontem o treinador da PSP veio falar em nome do grupo e garantiu um “reforço de meios”, prometendo uma “reacção de forma enérgica” e deixando claro que faz questão de dar a volta ao resultado.
Logo à noite é de esperar um jogo tenso, táctico de parte a parte, com a técnica da força da PSP a defrontar vários jogadores que podem ser desequilibrados do lado da Juve Leo. Porém, e depois da primeira mão, a Juve mostrou ter argumentos para discutir o resultado e, por isso mesmo, prevê-se incerteza no marcador até ao final do jogo e ao início da partida para Alvalade.
Perante este cenário, espera-se que impere o bom senso e que não seja necessário recorrer à intervenção do Benfica para serenar os ânimos.