terça-feira, 20 de setembro de 2011

Se o Benfica não jogasse, nem ligava a televisão

Não sei muito bem o que esperar do Porto – Benfica de sexta-feira. Não tenho tido disponibilidade para ver os jogos do nosso adversário. À falta de tempo que me aflige constantemente, pelos mais variados motivos, a minha intuição diz-me que ver os jogos do Porto é uma profunda perda de tempo. Dir-me-á quem já tiver assistido a alguma partida se estou certo ou estou errado.

O meu desinteresse pelo FC Porto não tem que ver com o facto de não gostar desse clube e de ter um desprezo razoavelmente profundo pela pessoa que o dirige. A verdade é que, desde que o Falcao se foi embora, a coisa perdeu o interesse. O Falcao era o meu “bom inimigo”. Eu não gostava de vê-lo a "jogar pelo Porto"; no entanto, gostava muito de "vê-lo jogar". O futebol tem os seus paradoxos e aparentes incompatibilidades: então eu gosto de ver jogar um gajo que me faz perder? O que é que vem primeiro, o amor ao clube ou a paixão pelo futebol? A situação não é a preto e branco, não é de sim ou sopas. A situação é que isto é futebol e uma pessoa, quando gosta de futebol e é adepto fervoroso, tem de sujeitar-se a uma grande quantidade de procedimentos, atitudes, crenças, rituais, decisões, sentimentos e reacções que poucas vezes têm explicação – quando a têm.

O Porto está agora a criar – a engordar, digamos – uma nova criatura com todo o potencial para me desorientar num futuro próximo. Chama-se James. Eles chamam-lhe Rahmés. Como em Rahmés Bond. Mas o rapaz chama-se James. Jovem talentoso, de toque fino e elegância com a bola nos pés, James nasceu algures abaixo do Equador mesmo quase em cima da linha do Equador, num daqueles países à volta aproximadamente nos arredores do Brasil. Tem despertado a minha curiosidade e eu tenho contido essa mesma curiosidade auto-despertando o meu desinteresse pela equipa que tão injustamente representa. Confesso que me estava a guardar para sexta-feira, a contar ver James em acção, a ser abafado por Maxi Pereira e Javi Garcia, sem sequer fazer uma jogada de jeito e permitindo-me, desse modo, alguma paz de espírito, adiando o conflito de interesses – bem desagradável, diga-se – que surge quando me deleito a ver “aquele” jogador que está a dar cabo da minha própria equipa.

James, também jovem impulsivo e não muito esperto, precipitou-se no último domingo. Não me parece brilhante uma pessoa espetar um murro noutra, em frente ao árbitro – a não ser que se trate de um soco valentemente bem aplicado. Agora, o murro de James é um murro de um coninhas, que isto fique aqui bem claro. “Vou te bater, mas não te bato com força, que o senhor árbitro está a ver”. Se era para isso, que ficasse quieto. Assim, está castigado e não magoou ninguém – para além de que levará algum tempo até poder voltar a ter aspirações a meter medo a alguém. Para além disso, priva-me da possibilidade de o excluir desde já da minha lista de jogadores inimigos que admiro.

Com James fora, fica também o jogo reduzido a apenas 75% de interesse. Ou seja, os 75% do tempo de jogo em que o Benfica vai ter a bola. Isto, porque não tenho o menor interesse em ver os portistas baterem pontapés de baliza ou executarem lançamentos de linha lateral.

1 comentário:

Luis Rosario disse...

Quase abaixo do Equador... Nasceu em Cucuta, Latitude 7º N... :)

Abraço