sábado, 1 de outubro de 2016

We should talk about Pizzi

ou de como Nem Sempre O Amor É Amável.

Vejo muita gente empolgada com Pizzi, até li recentemente apologias do médio. E acho que alguém anda a ver um génio onde eu só vejo um tipo com dupla personalidade e uma lamentável capacidade de passe curto. Onde alguns vislumbram um talento incompreendido, eu pressinto um cidadão com algumas dificuldades para compreender a complexa simplicidade da linha recta, da tabelinha ou da função básica de soltar a bola depois de um ou dois toques. Onde muitos, ao que parece, adivinham um brilhante pensador de jogo, eu aposto que existe um homem de espírito contemplativo que prefere pensar na vida quando é hora de ajudar a defesa.

É possível que Pizzi seja o meu alvo de estimação. A paixão futebolística e o amor clubista nunca foram essências da composição do raciocínio razoável. Já tive outros no lugar que Pizzi ocupa hoje, não no campo mas no meu coração. O último foi Lima. E eu sei que nem sempre sou brilhante de opinião. Creio que não exagero se afirmar que é globalmente aceite a noção de que sou um dos piores profetas do futebol de todos os tempos. Há um ano e 45 dias, por exemplo, previ sem hesitação o inevitável descalabro do Benfica, uma descida aos infernos que terminou no Marquês 9 ou 10 meses mais tarde. Contudo, o facto de prever muito mal não me inibe de formar opiniões.

E às vezes tenho razão. E, mesmo quando me respondem com números, é possível que eu consiga responder com factos. Lima tinha chegado ao Benfica com quase 30 anos e custou 5 milhões de euros pagos a um clube que nos recebia com bolas de golfe. Começámos logo mal. Depois, não festejava golos quando marcava ao Braga, o que é inaceitável - não engulo essa treta do "respeito ao clube por onde passou"; então e o respeito ao clube que lhe paga? E aos adeptos desse clube? Logo Lima, que só passou por 18 ou 19 clubes ao longo da carreira.

Relembro ainda que Lima, apesar de todos os golos que marcou - e marcou aquele golo do Gaitán ao Sporting, por exemplo -, falhou uns quantos que não podia ter falhado. Nomeadamente, uns 16 contra o Estoril numa soalheira tarde de Maio de 2013 e outros tantos, cerca de um ano mais tarde, numa noite amena em Turim. Aplaudi-o em todos os golos mas o meu amor por ele pulsava-me com fel no sangue.

Com Pizzi acontece o mesmo. Não consigo gostar sem mácula de alguém que complica tanto e tantas vezes. Tem o meu aplauso e o meu amor enquanto vestir aquela camisola abençoada, mas nunca terá a minha mão prometida ou o meu olhar embevecido. Os meus sentimentos por Pizzi são tortos como os seus passes. E todos os que pensaram que eu ia dizer "os seus olhos" devem penitenciar-se.

3 comentários:

jorgen80 disse...

Pizzi é o pêndulo do Benfica. Guarda esse ódio para os Samaris, Salvios, Celis etc.

Ego Mentis disse...

Eu não consigo compreender é como há ódios por jogadores do Benfica!...

SLB1958 disse...

Penso que dizes tudo no post!
Pizi falha muitos passes, como acerta muitos, por vezes parece que lhe para o cérebro e logo a seguir faz grande jogada, daí achar que estás certo não vez bem nem o futuro nem o presente(AHAHAH)
Mas não falhas em tudo, és do Benfica!!!

abraço companheiro