quinta-feira, 3 de maio de 2012

Tomei uma decisão e é esta

Dilemas. Provavelmente, uma das maiores perdas de tempo da história da humanidade, uma invenção que tem um único propósito: causar angústia. Eu não gosto de dilemas. Nem de dilemas nem de compromissos com ideias, que é uma coisa muito anti-humana, retrógrada, reaccionária, conservadora. A pessoa deve andar por aí e pensar, pensar, pensar e, se mudar ideias, tanto melhor, talvez tenha crescido ou amadurecido. Mas há um ponto, um dia, um momento, em que, enquanto homem, o indivíduo deve dizer ou sim ou sopas, deve assumir-se, afirmar-se, reivindicar-se. Isto é, a pessoa tem de situar-se no mundo e arrumar as ideias. Ou então não. Mas se o fizer, fica-lhe melhor.

O excesso de bom senso é insensato. Aumenta exponencialmente os valores da angústia e, entre medidas de prós e de contras, dilui indecisamente o indivíduo na hesitação, no impasse, na incerteza. Pensar sobre certas coisas é desvirtuá-las. Nesse capítulo, mea culpa: sou dos melhores gajos a dar cabo do futebolismo. Obstinado que sou, teimo em pensar nas coisas, procuro algum rigor em nome de uma suposta justiça moral, em algumas ocasiões dou por mim a ser minucioso. Resultado: não digo nem sim nem sopas, pareço um adjunto de capataz, com fitas métricas e níveis de bolha de ar, de um lado para o outro, em exercícios de observação, medição e avaliação. Os exercícios de decisão, que são bons e que tanta falta nos fazem, não costumam ser para mim.

Como é evidente, está mal. Se há coisa que eu gostava de fazer era de tomar decisões, de dirigir. Em suma, de mandar. Dar ordens. Ó, como eu seria feliz a ir por aí «faz isto, faz aquilo, oferece o Emerson aos pobres, não faças assim, vai ali buscar-me uma cerveja, tu nunca me contrates o Luís Filipe, livra-te, despeço-te na hora!, mete o Nelson» e assim por diante, a dizer às pessoas o que é que elas haviam de fazer, seguro de mim, certo de que estaria certo.

Estou há três parágrafos a fazer-vos perder tempo porque ainda não consegui decidir o que será melhor para o Benfica (e, atenção que isto importa, é apenas esse o meu interesse – porque o Benfica não é do presidente Vieira nem dos sócios que vão mais vezes à bola nem dos credores da Futebol SAD nem do Luisão; o Benfica é simplesmente meu e, por isso mesmo, eu só posso querer o melhor para o Benfica). Eis o dilema: Jesus deve ou não ficar? Terá Jesus condições para ficar? Será bom para o Benfica que Jesus fique?

Há tanta coisa que me irrita em Jesus que só metade delas chegaria para lhe acenar um lenço branco no próximo sábado. Mas o futebol é diferente, é arremessar fitas métricas e níveis de bolha de ar, que se fodam os prós e os contras: este é o melhor Benfica dos últimos 20 anos a jogar à bola e eu gosto disso, pá, mas é que eu gosto mesmo disso, méne! Por mim, Jesus fica. Está decidido.

8 comentários:

BR disse...

Das melhores frases que já li e que definem o benfica.
"o Benfica não é do presidente Vieira nem dos sócios que vão mais vezes à bola nem dos credores da Futebol SAD nem do Luisão; o Benfica é simplesmente meu e, por isso mesmo, eu só posso querer o melhor para o Benfica"

Nem mais.
Abraços,
BR

bjorn disse...

tens razão, sendo o futuro inescrutável, é uma questão de fé numa decisão. já eu não consigo ser homenzinho e decidir-me quanto a isso

BENFICAHEXACAMPEÃO disse...

Concordo com quase... tudo... porque sei que existe um treinador por aí que ame o futebol de ataque e respeite os equilibrios da equipa e simultaneamente respeite a decisão - sempre - sensata!
Michell Preud'homme - o Fernando Santos também era assim, mas o crl do homem não tinha o carisma, esse fod... do crl do carisma... que o melhor que ele fazia era memso desaparecer da mente egoica...

Também estou decidido! E sim adoro FUTEBOL DE ATAQUE - SIMPLESMENTE ADORO! MAS...

Hugo disse...

Pois,

Tu queres que Jazuz fique, eu não sei, ainda estou no dilema...

Mas que o filho de Maria nos põem a jogar à bola, lá isso é verdade...

PedroG disse...

mas dá para mudar de preparador fisico?

Hattori Hanzo disse...

Estou como o nosso velho capitão. Ele é que as sabe todas.

Eduardo Rodrigues disse...

Lol mas tem piada que o autor do post demorou a tomar uma decisão, mas olha ... decidiu ehehe

Estou contigo na tua decisão, é também a minha, mas ja estava tomada antes do jogo com o Rio Ave.

So uma coisa ... o LFV que trate de contratar alguem que "berre" com o JJ, pode ser que ele aprenda ao berro.

ER

xirico disse...

Com a permanência do JJ fico com um trilema:1ºele é burro 2ºé velho 3ºburro velho não aprende.