domingo, 25 de agosto de 2013

Da dificuldade de compreender o que é paradoxal e da impossibilidade de aceitar o que é inaceitável

«O Rodrigo?!... Oh, o Rodrigo é o melhor marcador de todos os tempos lá dos sub-21 espanhóis, mas tu já viste aquela equipa? Aquilo é uma equipa de sonho. Com aquela equipa, qualquer um é o melhor marcador de todos os tempos!»

Ouvi a frase à saída do Estádio e achei que era minha obrigação partilhá-la, registá-la, deixá-la para a posteridade. "O Benfica", esse conjunto heterogéneo, essa multidão diversa e dispersa, essa tribo sem raça, é constituído por muitos Benfiquistas diferentes. Para o bem e para o mal. Foquemo-nos no mal: há raciocínios singulares que, quando extrapolados, podem explicar muitas reacções da massa que compõe "o Benfica". Como é evidente, não confio muito na democracia. É uma ferramenta torta, enviesada.

Não consigo aceitar lenços brancos que se tiram do bolso quando se está a perder e que são euforicamente atirados ao ar no momento do golo. Não posso aceitar. Manter ou despedir um treinador é uma decisão fundamental para o destino do Clube, para o futuro da equipa. Não podemos ser levianos nem distraídos nem voláteis: temos de ser convictos. Não se trata de defender Jesus (que defenderei se achar que é possível ele ter mão na equipa - tenho dúvidas sobre este assunto) ou querer que Jesus saia (uma "refrescada" no balneário seria benéfica, caso se verifique que o treinador perdeu controlo - mas também não tenho a certeza que Jesus tenha perdido o pé); trata-se de exigir seriedade aos Benfiquistas. Eu sei que cada um pensa e diz aquilo que quiser. Pois bem: era isto que eu queria dizer, não me levem a mal.

Maxi, Lima e Cortês. Cortês não é apenas cortês: é um gentleman dos pés à cabeça, embora lhe falte qualidade, tanto nuns quanto noutra. Mas é gentil e sabe dar passagem a quem quer que se cruze com ele. Já ele próprio a cruzar é um bocadinho menos que assustador. No sentido em que "menos" significa "pior". Maxi, o meu querido Maxi, fez dos piores jogos de que me lembro com a Camisola vestida. Lima não é um ponta-de-lança, é um boicote ao golo (tal como o fora contra o Estoril, num jogo que haveria de nos custar o campeonato). Não me lixem: quando se constroem 8, 9, 10 ocasiões claras de golo que se falham e se tem um jogo controladíssimo e, depois, se sofre um golo com auto-assistência delicadinha, não é assoando um treinador com cleenexes que a coisa se resolve.

O ano passado gozei com os sportinguistas por terem festejado o segundo golo e a vitória por 2 a 1 contra o Gil Vicente como se de uma final da Champions se tratasse, com Sá Pinto aos comandos e, sim, a minha língua deita um líquido amargo. Salva-me um consolo - pequenino mas confortavelzinho: sentir que festejar com pouco é melhor do que amuar com nada. Deve ser a isto que se chama "humildade". Ok, já percebi, não é um tema complicado. Agora, podemos passar às vitórias gordas?

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