Na época, ainda se jogava o prolongamento em modo morte súbita: a bola entrou e o jogo acabou ali. A geração de ouro ficava ali, à beirinha da glória, derrotada pela mão do Abel Xavier, que nunca foi mão, e pelo pé esquerdo de Zidane, que nunca hesitou na hora da verdade. Portugal perdia a cabeça e ressuscitava uma besta negra vestida de azul.
Lembro-me de, no dia seguinte, alguns portugueses ganharem alguma clarividência: havia uns quantos que admitiam, ainda que a custo, a possibilidade de, sim senhoras, a bola ter tocado, vá lá, na mão do Abel Xavier. Os dias foram passando e depois os meses e depois os anos até que, hoje, não serão muitos os portugueses a afirmar sem vergonha que aquilo não foi penalty.
Este tipo de cegueira colectiva que leva à formação de uma convicção errada e inabalável tem a sua explicação: às vezes, não queremos acreditar no que é claro. Custa-nos. Por mais indesmentível que seja uma realidade, a frustração tolda-nos o raciocínio e impede-nos de aceitar o facto. Estas situações podem verificar-se em diversas circunstâncias - tanto pode suceder numa meia-final do Campeonato da Europa como num simples jogo do campeonato em que dois pontos de avanço já cá cantam e depois puff, rebentam no ar. A probabilidade de acontecer aumenta se o puff se repetir em duas jornadas consecutivas.
Para que as pessoas se animem, deixo aqui uma pequena homenagem aos quatro pontos que o Benfica perdeu podia ter perdido para o líder do campeonato. A música cura tudo.
1 comentário:
Pronto,mas em 2006 no mundial tambem fomos eliminados pela frança,com 1 penalty convertido pelo zidane,que nao era penalty nenhum,Tava so a dizer
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