terça-feira, 21 de maio de 2013

História no Jamor

Há uns tempos, boa gente de uns blogues vizinhos mandou-me um e-mail a propósito de um plano que pretendia conquistar o mundo Benfiquista à bigodada. Era uma ideia com muita graça, mas de execução difícil: consistia em criar uma legião de bigodes para o que faltava da época. Enviaram-me, na altura, um e-mail porque souberam que eu tinha, antes disso, feito uma sugestão que poderia ser vista como antepassada deste projecto mais megalómano: o projecto "Bigode no Jamor", chamemos-lhe assim. Mas, sobretudo, fizeram-no porque são gente bem educada que, por isso, achou por bem falar-me no assunto e ainda convidar-me a integrar esse plano maior. Fiquei grato, embora não tenha participado activamente.

Na realidade, ninguém tinha obrigação alguma de me dar satisfações, encaro o gesto como uma gentileza. Quem inventou o bigode não fui eu - foi Cosme Damião, Ele Próprio, o autor da ideia. O Jamor foi inventado por Deus, Ele Mesmo, e é um rio que corria pelo meio de terras sem outra utilidade que não fosse sofrer erosão de maneira a que, com o tempo, se formasse um vale onde se pudesse construir um sumptuoso estádio onde, um dia, haveria de se jogar a final da Taça de Portugal. Tudo isto era um plano elaborado. Mas, como se constata, tudo o que fiz foi simplesmente juntar dois conceitos complexos que, na realidade, parecem ter nascido para se unirem uma vez por ano, em Maio.

O projecto "Bigode no Jamor", gosto de lhe chamar assim, tem a pretensão singela de homenagear o tempo em que eu dei por mim a apaixonar-me pelo futebol. E isso aconteceu numa altura de grande beleza, a qual hoje recordo como tendo sido mais Gloriosa do que provavelmente foi - não deixo de sentir alguma inveja dos novos Benfiquistas, com 6, 7, 8, 9 ou 10 anos, cujos pequenos corações começam a agitar-se e a palpitar diante de uma equipa belíssima e de imparável tendência trágica. Todos eles hão-de ser poetas do Benfica, espero eu, daqueles que não morrem de amor porque teriam de morrer várias vezes só para satisfazerem um décimo da voracidade pelo drama intenso que foram desenvolvendo em si, desde o dia 6 de Maio de 2013.

Falava eu do tempo em que começava a aprender os nomes do Mortimore e do Humberto e do Bento e do Shéu e do Chalana e do Álvaro. Recordo finais da Taça de Portugal - não sei precisar qual ou quais e seria batota verificar na wikipédia - com gente de bigode, garrafões de cinco litros de vinho tinto, bandeiras sedosas com rendilhados, bonés cada vez mais de lado em cabeças cada vez mais eufóricas, camisas abertas em frente a grelhadores de bifanas, entremeadas e coiratos. E é só isso que eu quero fazer: de algum modo, recriar o espírito dos dias em que o sangue que me nascera Encarnado começou a fervilhar sempre que onze tipos, também de Encarnado, jogavam à bola.

Já tenho o bilhete (obrigado, Sal) e os 12 companheiros de aventura; já fiz a lista das carnes, do vinho, das minis, do pão e das saladas; já mandei vir cachecol vintage, boné clássico e bandeira a condizer. O bigode, esse, está aqui, resguardado entre a barba e pronto a desabrochar no sábado, antes da final da Liga dos Campeões. Será durante esse jogo que tratarei de o apresentar ao mundo, numa espécie de ante-estreia exclusiva para quem se quiser juntar na Típica de Alfama para saudar o próximo campeão da Europa.

6 comentários:

Schwarz disse...

Também lá estarei e também levarei o devido bigode, que comecei a preparar assim que se confirmou a vitória das meias-finais frente ao Paços de Ferreira.

Unknown disse...

Três bilhetes pra festa da taça, ninguem consegue arranjar ??

Bruno Pereira disse...

Lá estarei no Jamor :) com bigode e barba :P
Aqui fica a minha análise da época para quem quiser ver :) com ou sem Taça de Portugal ;)
http://orgulhosamentelampiao.blogspot.pt/2013/05/numa-ma-epoca-muita-coisa-esta-bem.html

Abraço,
Bruno Pereira

Unknown disse...

Acabaram de me ligar, a garantir 2 bilhetes. Lá vou eu dos Açores com a minha cara-metade ver o Benfica levantar a taça. Comigo no estádio, ganhamos sempre, ou pelo menos empatamos. Já vi o Benfica ser campeão no Bessa, agora verei levantar a taça no Jamor.

Espero encontrar essas Bigodaças por lá.

Grande abraço

Estou feliz. :-)

Diego Armés disse...

Eu espero que amigo Bettencourt tenha a decência de parar no nosso acampamento alfamês para tomar connosco um copo de vinho. Ou dois, que a cara-metade também bebe, por certo.

R. disse...

Caro Diego, sou frequentador assíduo do seu tasco (talvez tenha comentado uma vez) e curiosamente, vizinho, já que moro também nesse belo bairro que é alfama. Gostaria de desejar sorte para a final de domingo. Que tenham uma bela patuscada, e que seja uma bela final, e claro ganhe o benfica.

R.