Falo do assunto porque vivemos uma época em que Murphy e as suas probabilidades incontornáveis tomaram conta da ocorrência Benfiquista - mesmo quando as probabilidades eram bastante improváveis (eu não me esqueço de Vítor Pereira a dizer, poucos dias antes de se lhe inchar muito muito muito o peito, que «o Benfica vai ganhar, de uma maneira ou de outra, eu sei que vai ganhar... neste momento, já não acredito que possamos chegar lá»).
Ontem, conversava com um amigo acerca do que "falhou" no Benfica este ano. Eis o que falhou no Benfica: o Kelvin, aos 92 minutos, na situação inversa, com a camisola do Benfica vestida (sem querer repugnar o Kelvin - espero que o miúdo não leia isto), faria dois golos em 100 pontapés daqueles - no Porto, fê-lo à primeira; o Ivanovic, numa situação perfeitamente inversa, aos 92 minutos, em 90 cabeçadas daquelas, mataria 83 pombos e magoaria dois stewards e um apanha-bolas - contra o Benfica, acertou à primeira. Todas as nossas camisolas deviam dizer "Murphy"; a do Artur devia dizer "D Day Murphy".
Olhando para o panorama, as probabilidades acumulam-se: o Benfica ganhou 24 Taças em 33 finais disputadas; o Vitória perdeu as 5 finais que disputou. Não percebo de estatística nem de números grandes, porém, há-de haver uma ponta qualquer por onde a frase de Murphy possa pegar e aplicar-se, uma vez que as coisas podem correr mal.
Não digo que esteja pessimista. Tento apenas prever o próximo lance do adversário. Por "adversário" entenda-se o filho da mãe - que nem mãe tem, esse filho de um buraco negro - do Mefistófeles que me levou demasiado à letra quando, num desabafo pleno de entusiasmo pueril, eu afirmei que «trocava este campeonato pela vitória na UEFA e na Taça de Portugal». O "adversário" quer deixar-me a zeros.
Dormi muito mal esta noite. Tive daqueles sonhos circulares, sem início nem desfecho, sem passado nem futuro, uma linha contínua, sempre a repetir o mesmo momento «está zero a zero, está zero a zero, está zero a zero, está zero a zero» como um mantra infinito dedicado ao tédio que existe em não ganhar. Acordei cansado, desgastado, até mesmo preocupado. E se a gente não ganha? Aliás: e se a gente não ganha "outra vez"?
Tenho uma coisa para dizer ao tal de Mefistófeles e a toda a companhia do pé de cabra, do pé esquerdo e do pé frio: tenho aqui uma barba com quase um ano e meio de construção; tenho aqui um bigode à espera de ser libertado e de vos mostrar o seu poder; e tenho um deserto à minha frente a seguir a domingo. Por isso, NÃO brinquem comigo.
1 comentário:
Caro Diego,
Concordo quanto ao Kelvin, mas a percentagem correspondente ao caso Ivanovic parece-me manifestamente exagerada. Até porque não é a primeira nem a segunda vez que o sérvio marca um golo de cabeça na sequência de um canto. Em 90 cabeçadas, provavelmente mataria 61 pombos, magoaria dois stewards e um apanha-bolas. De resto, lá estaremos no Jamor! Saudações benfiquistas!
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