segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Não subestimemos Vitória

Jorge Jesus - eu tinha prometido a mim mesmo que não voltaria a começar um texto com estas palavras, mas a realidade foi mais forte do que eu - disse que o Benfica é favorito para a Supertaça. Fê-lo durante mais um exercício típico de jorgismo em que alegou que o Benfica "joga de olhos fechados" porque "há seis anos" que a equipa trabalha de determinada maneira - em seguida, lubrificou o umbigo e enfiou lá dentro um cabo de vassoura.

Por partes: admito que seja possível que aquela malta jogue de olhos fechados. A julgar pela desorganização da equipa e pela quantidade de passes errados e remates sem destino que os jogadores fazem durante o jogo, diria até que é provável. Mas discordo da segunda parte do raciocínio de Jesus: está a subestimar as capacidades de Rui Vitória - a quem tragicamente ainda resta mais uma semana de trabalho até ao jogo da Supertaça! - para incinerar tudo o que foi feito em matéria de ideia de jogo ao longo destes últimos seis anos. Da pressão à intensidade, do comprimento da equipa ao esquema táctico, acabando na noção fundamental do objectivo do próprio jogo - fico fascinado com a ausência da ideia de baliza na estratégia de Vitória -, tudo me dá a sensação de que a missão arturjorgiana deste treinador no Benfica é eliminar qualquer vestígio da passagem de Jorge Jesus pelo clube.

Custa-me aceitar que em 2015 um treinador do Benfica se comporte como se estivesse a preparar a equipa para a gloriosa época de 1987 e que o faça sem querer. Se for esse o caso, creio que Vitória se equivocou quando escolheu a profissão. De qualquer modo, alguém se enganou redondamente quando decidiu contratá-lo para treinador do Benfica.

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