quinta-feira, 14 de abril de 2011

Dublin

Tenho estado calado porque ando a reunir coisas para dizer. Por outro lado, gostei muito do meu último texto e, assim, ele ficou mais tempo em exposição. Pena que tenha sido lido por apenas 200 ou 300 pessoas. Contava que, graças ao texto, me surgissem propostas e convites para escrever sobre futebol e ser remunerado para isso. Debalde. Três comentários simpáticos e a minha mãe toda contente por causa de eu lhe ir dar um netinho antes de ela fazer setenta anos – e ainda por cima gosta do nome Xavier – foi o melhor que consegui. Enfim, o mundo é um lugar muito injusto.
Ora, Dublin. O leitor médio lerá esta palavra como “doob lim”. Convém esclarecer que tal constitui um equívoco. É para se ler em inglês, “dâ-blinn”. É o nome duma terra.
Eu hoje até queria falar de coisas e pessoas palermas. Andei a acumular impropérios para qualificar Bruno César, novo craque da ponte aérea do meu coração. Mas ficará para outra ocasião, quando tiver a cabeça limpa de preocupações com a Euroliga. Também pensei em falar do Sérgio Bordalo que disse palermices na Benfica TV – e dos critérios da própria Benfica TV para empregar pessoas. Mas nem vou perder tempo com isso (embora haja uma coisa que me intriga: como é que alguém consegue tentar ser ofensivo para Pinto da Costa sem conseguir, em simultâneo, ter um pingo de piada? Julguei que fosse impossível.).
Porém, falarei sobre Dublin. Tem um estádio porreirinho, para começar. Um campo que, em vez de relva, tem um tapete de trevos que é cuidadosamente aparado por pequenos duendes que são pagos com potezinhos de ouro. Vive-se muito bem naquela terra, não é como cá, que tenho de jogar futebol de sete em relva sintética e contra amadores. Nada disso, lá leva-se a bola muito a sério.
Dublin tem coisas em comum com Lisboa. Não tem sardinhas, mas cerveja não falta e fica à beirinha da água, por exemplo. Tenho esperança que em breve a bonita Dublin, terra onde James Joyce aprendeu a ler e a escrever com os resultados que se viu, que ninguém percebe nada do que o homem diz, venha a ter mais coisas em comum com a bonita Lisboa, cidade onde, felizmente, os nossos escritores aprendem o alfabeto com resultados francamente positivos, se comparados com os da Irlanda como o outro, o Beckett. Por exemplo, gostava que o Benfica passasse a fazer parte da história de Dublin, que ficasse no coração daquelas pessoas ruivas, sardentas e alegres, sempre a cantar os Pogues. Já estivemos mais longe.

3 comentários:

mago disse...

A ponte aérea do meu coração é expressão para durar. Pelo menos nas orelhas do Bruno César.

ZeduViana disse...

Esses 'amadores' que jogam futebol de sete contigo... ganham-te não é verdade?

Diego Armés disse...

Colocar as coisas nesses termos talvez seja exagero...