Tremer das pernas. Se não fores demente ou psicopata, hás-de saber do que falo. Às vezes acontece. E acontece até a quem os tem bem no sítio – ser bravo e ter coragem não é necessariamente o mesmo que ser estúpido.
O ser humano inteligente aprende com o erro. Sabe o que o pode ou não magoar. Se fores uma pessoa que precisou de pisar duas vezes os dentes de um ancinho, podes parar de ler, estás dispensado.
O Benfica tem uma equipa de seres humanos inteligentes. Bom, não diria que o grupo se constitui exclusivamente de seres humanos inteligentes. Mas digo abertamente que, tirando um ou dois Luís Filipes, não se trata de um grupo, digamos assim, burro. Se isto não fosse verdade, não seria possível praticar a defesa em linha, a armadilha do fora-de-jogo, as triangulações atacantes ou compreender que se vai ser substituído olhando para a placa do quarto árbitro, no caso de César Peixoto.
Este ano, em quatro jogos com o Porto, o Benfica perdeu três. Na Supertaça, ficou dois a zero mas perceberam-se as diferenças entre as equipas. Na segunda volta do campeonato, perdeu em casa quando tinha obrigatoriamente de ganhar, sob pena de ter de banhar um adversário apagado. O outro não vi. Para a Taça – aquele que hoje nos interessa – ganhou sem espinhas no Dragão.
Agora, ao quinto confronto – que eu espero que seja o penúltimo da época -, aposto que, naqueles primeiros dez minutos, as pernas lhes vão tremer. E aposto que o Villas-Boas sabe muito bem disso. Eu vi contra o PSV. Dois deslizes e a eliminatória ficou por um fio. Felizmente, o PSV foi a equipa mais fraca que o Benfica apanhou, quer na Champions Liga, quer na Oroliga. Mas o Porto não é o PSV.
Temos dois golos de vantagem. Temos a eliminatória na mão. E temos tudo a perder. Eles não. São campeões e mais uma fruteira, menos uma fruteira, pouca diferença lhes fará. Eles vêm disputar a eliminatória só pelo gozo de impedirem que cheguemos ao Jamor. E, há que dizê-lo, eles jogam bem. Tanto em futebol quanto em andebol. E depois ainda têm aquele gajo que, confesso, me impressiona: Falcao. E nós temos o Jardel para o marcar.
Portanto, este é o cenário. Se o resultado da eliminatória é, neste momento, francamente positivo, o meu optimismo não está no máximo do seu expoente. Posto isto, espero que a equipa se prepare muito seriamente para quarta-feira. Com muita concentração. Têm a obrigação de conhecer bem as forças e fraquezas do adversário – e há pontos fracos neste Porto. Espero que a defesa não entre macia e que o meio-campo esteja esfomeado. E espero ainda mais que Jorge Jesus não altere o seu jogo em função do jogo do adversário. A vitória no Dragão foi conseguida sem cedências ao esquema portista. Também é sabido que não será espanto se eles alinharem com 14, portanto, os nossos 11 têm que se desdobrar para compensar a prestação de defesas com a eficiência de um Nuno Roque, por exemplo. Temos de ser ambiciosos. E as pernas até podem tremer um bocadinho. É humano. Mas mariquice a mais é que não. É ir para cima deles logo que haja espaço e matar a eliminatória com golpes certeiros. E continuar. Não parar. Sempre para cima, sempre com garra, sempre a tentar. De perto, de longe, de lado, de frente. É para ganhar. É deixá-los de tal maneira que as pernas lhes tremam daqui até Dublin!
1 comentário:
Ora nem mais! É como se tivesse feito um ctrl c ao meu cérebro e um ctrl v aqui para o tasco.
Mas não queria deixar passar em claro a Carta ao Filho de uns posts abaixo: belo, muito belo, belíssimo!
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