segunda-feira, 4 de abril de 2011

“Ai que apagaram a luz, que maus perdedores, os malcriadões”

Opá, foda-se!... Desculpem lá os mais sensíveis, mas isto hoje ao nível do vocábulo não vai ser virginal, acordei um bocadinho maldisposto. Vamos lá ver se entendi: uma pessoa vai ao Estádio ver o Benfica defender a honra impedindo que os gróvios venham cá para baixo fazer a festa, não é? E vai daí, não conseguimos. Ora, isto aborrece. Uma pessoa não fica propriamente contente. Depois, eles começam naturalmente a festejar e isso nem tem mal nenhum, é um direito e quando se ganha a gente festeja. Mas, ali, no calor do momento, o que é que um gajo pensa? “E se fossem festejar pó caralho, pá?” É ou não é? O meu pensamento, pelo menos, foi esse.
Desligam-se as luzes, liga-se a rega. Para se ser mesquinho, para se fazer birra, para se tentar inconsequentemente estragar-lhes a festa. Eles estão-se positivamente cagando, são campeões e festejariam até numa piscina de esterco – e não estou a insinuar que o Porto tenha, realmente, uma; isto era meramente hipotético. Sim, eu já sei, foi mau perder e foi birra e só nos fica mal e eles vão gozar, ai Jesus, que coisa tão grave. E vamos ter de aturar o chocarreiro do presidente com as suas tiradas brejeiras, perdão, com o seu “humor de fino recorte” e a sua “exótica ironia”. E então? Vocês não acham que eu quero que isso se foda?
Se estou aziado?! Epá, o que é que acham? Eu tenho esse direito! Eu sou Benfiquista e não gosto de perder, ok? Não me peçam para ser razoável. Posso ficar chateado e de trombas, sim senhor! Eu pago quotas, está bem? Eu posso.
Mas queriam o quê? Que depois da ensaboadela de bola, reagíssemos com uma lição de elevação e etiqueta? Oh, meus amigos, as vitórias da moralidade e das boas maneiras só têm direito a vitrine do outro lado da Segunda Circular. Aqui o povo é mais terra-a-terra: quando se ganha, festeja-se; quando se perde, uma pessoa fica assim, neste estado.
O futebol é um anexo da vida real. Da mesma maneira que a bola não serve para andar à porrada e a matar gente por clubismos exacerbados, também não deve servir de redoma e reduto da moralidade e do bom senso. É só um jogo, camaradas. Um jogo de paixões e de clubismos. Não é um campo de guerra nem uma igreja sagrada: é um campo onde homens jogam virilmente à bola e milhares de apaixonados momentaneamente enlouquecidos vibram com isso. Não me peçam que, no momento a seguir à entrega, em mãos, das faixas de campeão – com aquele auto-frango do Roberto, caralho! -, eu fique muito educadamente a contemplá-las e a dizer “ai, que bem que lhes ficam”. Metam as faixas no cu, pá.
E, já agora, parabéns, pronto. Foi merecido. E isso ainda me chateia mais.

3 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro, tu não tens essa obrigação, eu não tenho essa obrigação. Eu até posso sair da bancada exibindo os dedos médios e gritando impropérios. Mas a Instituição (só para fazer a vontade ao Grande Líder Orelhudo), como o nome indica, deve reger-se por princípios institucionais. Um deles é saber receber. Ando eu há anos a insultar andrades pelo gozo de baixo nível que me dão lá em cima para esta época andar a assistir ao mesmo? E o pior é que até acabamos nós por ser novamente gozados!!

Antes os calhaus cá fora. Pelo menos esses actos são individuais e da responsabilidade de cada um. A parvoíce de ontem vincula todos os benfiquistas. Não gostei.

NT

Diego Armés disse...

Pois eu gostei que a Instituição se comportasse com um adepto, com coração. Quem não se sente não é filho de boa gente. Saber receber é outra coisa, são outros quinhentos.

Anónimo disse...

"Pois eu gostei que a Instituição se comportasse com um adepto, com coração"
Pois que é exactamente isto!
Eu pensei "foda-se era lindo era apagarem as luzes!" e Pimba! a rega foi um bónus.
Bonito é passar a conferência de imprensa em que são campeões, a falar do Benfica, obcecados por ganhar algo a este clube que vive do seu coração e da sua alma e não de um presidente que dedica um campeonato a uma pessoa como o Pôncio Monteiro, um homem cheio de fair-play...PD