Lido aqui.
Vocês aborrecem-me
Um grande avançado do futebol Português – Fernando Gomes – fez um dia uma comparação célebre: marcar um golo é como ter um orgasmo.
Os jogadores do Barcelona têm outras ideias: praticam o futebol tântrico.
O objectivo parece ser o de chegar ao orgasmo, mas preferem prolongar os preliminares. Por isso se perdem em carícias com a bola no meio-campo, à entrada da área, na grande-área, onde lhes for fisicamente possível. Raramente rematam de longe, não vá a bola penetrar na baliza demasiado cedo.
É um futebol jogado à luz das velas, ao som de música reiki. Os jogadores não suam, cheiram a incenso. Não correm, fazem exercícios de relaxamento. Parecem querer adiar o momento do golo até que o desejo do adepto seja insuportável. No futebol tântrico do Barcelona não existem adversários, apenas mirones.
O Barcelona de vez em quando dá umas cabazadas – o Mourinho não me deixa mentir. Mas estou convencido que no final desses jogos devem pensar: «Ejaculação precoce! Demasiados golos, demasiado depressa, não pode ser».
Às vezes tenho alguma confusão em acompanhar um futebol tão tântrico. Sei que estou a cometer uma heresia futebolística das grandes porque o Barça é a melhor equipa do mundo e ai de quem desminta, mas há momentos em que aquele futebol me deixa a bocejar.
Uma jogada de ataque do Barcelona é semelhante à publicidade nos intervalos dos filmes: podemos ir fazer xixi à vontade, pois quando voltarmos à sala nem o filme começou nem o Barcelona deixou de fazer tabelinhas à frente da grande-área.
E o adepto inglês que há em mim acaba por ficar sempre a torcer pela equipa adversária.
4 comentários:
Tu e eu. RCDE allez!
Não iria tão longe. O Dépor também me recolhe simpatia. Mas, chegada a hora da verdade, enrola-se-me sempre o estômago e não consigo puxar por quem quer que seja que tenha equipamento tão feio. Acabo sempre por escolher o Athletic Bilbao.
Bem lembrado, o grande Athletic. O RCDE recolhe-me simpatia pelos amigos Españolistas que tenho - e daí vem uma certa antipatia natural pelo bar$a -, mas o Athletic é o Athletic. E tem a vantagem de jogar com as cores certas, como bem apontas (apesar do equipamento original deles conseguir ser ainda pior do que o do RCDE ou Depor), e de até há bem pouco tempo não estar sujo com uma qualquer mancha de publicidade.
E teve o Guerrero - o primeiro verdadeiro “sex symbol superstar” do futebol, mesmo antes de estes existirem expressão e (ideia roubada ao Nuno Ribeiro na “La Cancha” do Público).
Pois então já somos uns 3 ou 4.
Enviar um comentário