segunda-feira, 11 de março de 2013

Bis! Bis! Bis!

Têm sido dias complicados para um Benfiquista, entre assobios, vitórias magras e goleadas. Uma pessoa não sabe se assobia, se não assobia. Ontem um amigo Benfiquista dizia-me «mas se uma pessoa vai ao Estádio e não gosta da atitude deles, acho muito bem que assobie» e eu peço imensa desculpa por ter pensado que uma pessoa vá ao Estádio para mostrar amor ao Benfica, movendo-se a devoção e paixão, e partilhar o esforço, as tristezas e as alegrias com quem está dentro do campo ou com quem está ao nosso lado. Nunca me ocorreu que ir à Luz fosse como ir ver as revistas ao Parque Mayer - logo eu, que podia estar horas a olhar para o Zé Raposo e para a Rita Ribeiro a serem molengões e a falhar golos de baliza aberta em palco: desde que tivessem vestida a camisola do Benfica, nunca ouviriam um assobio meu, a não ser de regozijo ou de êxtase por qualquer piada sobre "o governo" mais desempoeirada e fresca ao mesmo tempo que metessem a bola na rede.

Ontem o Benfica ganhou de vitória magrinha, uma vez mais. Não é piada. Num dia bom - e eu esta época já vi muitos jogos bons - poderíamos ganhar pelos mesmos 5 a 0, mas criando oportunidades para 22, 23, 24 golos. Ontem marcámos 5 com oportunidades para fazer não mais que 3. O primeiro golo, por exemplo, só consegui festejá-lo já estávamos nós a marcar o segundo, ou seja, quando o riso abrandou para dar lugar à estupefacção. «O Salvio contornou muito bem os pinos», comentou então um amigo meu sportinguista, com alguma amargura. «Se houvesse uma Champions League de pinos, este Gil Vicente não passava da fase de grupos», completou. Discordei. Seria equipa para atingir os oitavos-de-final, «pelo menos!», defendi eu.

Ao terceiro, finalmente, fizemos um golo digno do nome: Melgarejo e Ola John trabalharam bem e o homem que se inaugurou na Luz com um autogolo conseguiu, por fim, aquilo que há tanto tempo merece. E fê-lo com pinta. Teve muita classe ao picar bola por cima do jovem que eles tinham na baliza a fazer de guarda-redes. O Paulo Alves achou que era demais, revoltou-se com uma garrafa e, aparentemente, terá decidido: «acabou-se! Na segunda parte, jogamos com um guarda-redes mesmo». O certo é que nos outros dois golos que o Benfica marcou a baliza também estava deserta. Houve uma clara tendência para "desocupar aquele espaço nos momentos cruciais", como diria o Freitas Lobo.

Mas a segunda parte teve dois momentos que eu classificaria de "aristocracia futebolística" - e acabaram por resultar nos tais dois golos do Benfica. Primeiro, a abertura do Tacuara no lance do golo do Lima; segundo, a temporização, a leitura, a certeza e a simplicidade de passe nos pés de Aimar, no lançamento de Salvio para o último golo da noite. Ambas as jogadas foram bonitas, bem trabalhadas, eficientes e precisas. Mas estes dois gestos foram dignos de futebolistas superiores. Depois de uns dias agitados e num momento em que se debate a poupança, a magreza e outras desgraças que, enfim, eu diria que estão por acontecer - já que ainda não aconteceram, apesar das repetidas profecias - a esta equipa, sabe bem observar dois lances assim. Espero que os nossos rapazes ganhem alento para quinta-feira irem à França fazer aquilo que ficou por fazer na primeira mão: terminar o jogo sob uma chuva de merecidos e Gloriosos aplausos.

1 comentário:

Unknown disse...

Acho que ontem o Benfica jogou o necessário. Com alguma sorte marcou os 2 primeiros e depois com talento marcou os 3 últimos.

Acho injusto não destacares o trabalho do John no terceiro golo, para mim mais determinante que o remate do Melga. Acho que esteve ao nível dos passes do Cardozo e do Aimar.

Seja como for, enganaram-nos, pois sempre me disseram que quando vira aos 3 acaba aos 6 e não aos 5.

PS-O Adriano Fachini, acho que é este o apelido dele, é um bom guarda-redes, mesmo que ontem tenha estado mal no segundo. Confesso que disse que grande frango no golo do Luís Martins (finalmente marcou um golo pelo Benfica), mas ao ver a repetição percebi que o Adriano tinha sido traído pelo Luís Martins.