David Luíz está de saída. Não é inesperado, da mesma maneira que não seria, penso eu, inevitável a saída do 23 “já”. As mexidas a meio da época são arriscadas e podem desequilibrar plantéis. Numa situação normal, o que acontece é isto: o valor da transacção (e do salário do jogador…) é inflacionado; a equipa que vende fica a perder desportivamente, mas a ganhar financeiramente; do lado de quem compra, o resultado é o inverso.
Convenhamos, o Chelsea leva um grande defesa central, talentoso, poderoso, jovem e, ao mesmo tempo, experiente. O Benfica completou a formação de David Luíz. Justifica-se, portanto, que o Chelsea pague bem por um central que, numa montra com muito maior visibilidade, tenha possibilidade de se afirmar rapidamente entre o top 3 mundial na posição que ocupa. Neste contexto, penso que vender abaixo dos 30 milhões não é um negócio brilhante do Benfica. Mas se se conseguir um valor a rondar esta fasquia, há que encarar a venda como “positiva”.
Por outro lado, existe a “etiqueta Benfica” que, neste momento, não vale tanto quanto a “etiqueta Porto”, por exemplo, capaz de vender Bruno Alves, com 29 anos, a uma recôndita equipa russa que nada em petrodólares por 22 milhões de euros. Isto é, nesta perspectiva, 30 milhões é (será?) um belo encaixe (seria mesmo o record de vendas do Benfica, penso eu, acima do total conseguido com Di Maria). Este lado é reforçado pela natural ambição de um jogador que sabe que pode chegar ao topo e que tem a consciência tranquila – tem de ter – relativamente ao seu percurso no Benfica.
Estamos, então, neste pé: se o Benfica vender já, é legítimo que estique a corda até aos 30 milhões; perde um defesa central raro, mas tem substitutos que, não estando ao mesmo nível, podem entrar facilmente na equipa e ter bons desempenhos (Rodercik e Sidnei estão no plantel; Miguel Vítor está emprestado, mas tem valor); David Luíz ganha a notoriedade que merece e o Chelsea ganha um grande central. Se o Benfica esperar pelo final da época, arrisca-se a ver o jogador desmoralizar e, pior ainda, desvalorizar (basta que seja eliminado na Liga Europa, o que não é, de todo, um cenário de fantasia…).
Por tudo isto, tenho a dizer que, apesar de me desagradar a ideia de ver sair David Luíz, não me ofende pensar numa venda que deixe todas as partes a ganhar qualquer coisinha… Nem que “qualquer coisinha” seja uma enorme pipa de massa que poderá servir, por exemplo, para comprar o Sálvio, o meu próximo jogador preferido quando o Aimar se reformar.
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