Na aparência, dir-se-ia que a cidade gere a contagem decrescente com relativa indiferença. Porém, tomando mais atentamente o pulso à nobre urbe endourecida, pode dizer-se que existe ansiedade. Talvez esta não se manifeste com exuberância - ora por pudor, ora por orgulho - perante visitantes, como eu, a quem a fineza de trato destes cavalheiros inspira a impressionar pela postura digna e impávida. Estou seguro de que esta apatia com ares de superioridade não passa de compostura destinada a criar no forasteiro a ideia de que eles, portistas, estão plenamente confiantes.
Posso asseverar que esta minha impressão é precisa, pois em diálogos mais calorosos, em ambiente de assinalável familiaridade, tomei a liberdade de falar assim "atão, méne?... méquié na sexta?" ao que me responderam com prontidão "ui, olha-me este... carai, tu nunca oubiste dizer que pruguenósticos é só no fim?". É sabido que quando, a uma pergunta, se responde com outra, estamos perante a incerteza, a hesitação, a dúvida, o receio.
4 comentários:
De certeza que nao é "proguenuasticos"?
Gosto do registo, assim um pouco `a la David Attenborough.
Vivo perto do Porto e posso afirmar que os portistas têm maioritariamente a opinião de que a vitória do "Fequepê" é praticamente garantida.
Isto vai ser divertido se acontecer o contrário...
Recuso-me a comentar enquanto estas letras se mantiverem.
Vitegi trareci para vocês também.
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