«Pela primeira vez em Portugal perto de três milhares de adeptos serão enjaulados. Como se estivessem em Guantánamo...»
O poder da metáfora é finito - por mais que o Mia Couto a redesarranje e a desredesinvente -, já que o Peixoto todos os dias trata de, religiosamente, a saturar e afogar e besuntar de matéria pegajosa. Porém, a imaginação lírica não conhece fronteiras nos cérebros dos homens de génio. Há quem seja naturalmente inspirado. Com esta tirada - aquela que acima se reproduz, salvo seja -, José Manuel Freitas (A Bola) conseguiu pôr-me a imaginar 3 mil homens barbudos de fato-macaco côr-de-laranja, mas às riscas horizontais, ajoelhados, algemados e vendados, a gritar «só eu sei por que não fico em casa», tentando saltar desajeitadamente, o que se compreende dadas as circunstâncias. O poder da metáfora é finito mas, ainda assim, não tem vergonha dos seus próprios limites, o que se saúda.
[Aproveito para fazer uma singela chamada de atenção: "só eu sei por que não fico em casa" significa que só eu conheço a razão misteriosa que me levou a sair à rua; "só eu sei porque não fico em casa" significa que sou o único que sabe qualquer coisa precisamente porque não fiquei em casa, sugerindo-se que a explicação para o mistério esteja na rua, portanto; aproveitem se quiserem, sei que gostam de fazer t-shirts e cachecóis com isto.]
Sempre que se justificar, voltaremos a este tema tão bonito e que, aparentemente, tanto sensibiliza alguns dos nossos leitores. Também eu gosto muito disso da poesia.
1 comentário:
Esse Zé Manel Fretes adepto do pastilhas do Lumiar, é a versão na 'Bota', do anão dos caracolitos ensebados, no pasquim do careca.
Uns verdadeiros 'ptas'! Todos eles.
Nunca fui à prisão de Guantanamo (Cuba tem tanta coisa linda ...!)e não tendo a pretensão ou o sofisma do sapóide, macacos me mordam se aquilo não é a 'Aldeia dos Macacos' ...pelo menos nos primatas.
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