Eduardo Barroso – outro génio capaz das mais improváveis e impensáveis teorias, embora muito mais cobarde no que respeita a revelá-las ao mundo (sobretudo se envolverem clubes cujo nome começa por Futebol Clube do Porto) – exige, com um peito inchado e a voz subitamente grossa, “respeito!”, porque o Sporting “vem aí!” e é, ao que parece, a melhor equipa daqui e dos arredores daqui e devia estar a lutar pelos primeiros lugares porque… enfim, porque ganhou – um a zero e de penalty – ao Benfica, deduzo eu. Não é disparatado e é até bonito saber que Barroso tem o Benfica em tão alta conta. E o Vitória de Guimarães até é capaz de apoiar a ideia. Porém, o que mais impressiona em todo o texto, é o tom de José Castelo Branco arreliadíssimo com que a prosa flui.
A importância que as coisas assumem, esse relativismo tão humano e tão pequeno, anda, ao que parece, liberalizada. A bitola sempre falível do bom senso baralhou-se, quer-me parecer. Ou isso, ou as criaturas de verde que estavam empoleiradas na estátua do Marquês eram empregados da Câmara a proceder à limpeza do monumento. Se não for esse o caso, não digo que sejam ridículos – embora pudesse legitimamente fazê-lo. Ou, melhor, não confirmo nem desminto que o sejam e não aprofundo o assunto.
Sábado disputa-se mais uma final da Taça da Liga e lá vai o Benfica a Coimbra fazer o frete de participar na festa do Gil Vicente – não estou a ser irónico, o que leio aponta invariavelmente nesse sentido e, a verdade mesmo, é que eu próprio continuo indeciso entre as duas humilhações: ganhar a Taça? Perder a Taça? A propósito, no outro dia pensei na quantidade de finais da Taça da Liga que o Benfica disputou e na quantidade de finais de competições a sério a que o Benfica invariavelmente não chegou. E tenho uma pequena e, talvez, engraçada teoria, uma coisa muito simples, quase um trocadilho: há quem defenda que, «numa final, tudo pode acontecer»; José Mourinho discorda: «as finais não se jogam, ganham-se»; Jorge Jesus é mais pragmático: «as finais não se jogam». Ponto.
2 comentários:
Soberbo, como sempre!
Semana triste e, em certa medida, humilhante, por saber que mais uma época se vai...
E ainda temos que gramar com uma transmissão da SIC no sábado a querer fazer do jogo da Taça da carica uma grande prova...
De qualquer forma, mesmo ganhando, ainda há momentos em que o clube do musgo nos faz rir...
Até estou a a imaginar o Barroso com aqueles ares de lagarto inchado (mais do que o normal) com a prosa que tu referes...
"Jorge Jesus é mais pragmático: «as finais não se jogam»."
@Diego Armés: GOLD
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