segunda-feira, 9 de abril de 2012

A estranha placidez

Eu acho que eles já não querem saber do assunto da maneira que dantes queriam - a não ser que ganhem, circunstância que faz valer tudo. Mas tem havido um sossego que eu acho estranho. É um Sporting - Benfica, caramba! Não há fanfarrões, previsões, ameaças de humilhações ou vencedores antecipados? Quem nos visse, acharia que somos civilizados.

Aqui por baixo, o barbeiro, sportinguista daqueles que não valem grande coisa e que intimida mais pelo pequenez do que pelo talento ou pelo amor ao clube, tem sido um ponto de encontro. É a tradição. Mas não se ouviu a tarde toda um único "levas poucas logo!" ou um "menos que cinco é empate!". Há aqui uma contenção perigosamente próxima do aborrecimento e do tédio.

Confesso que também eu não esto vibrante como deveria estar. Há uns nervinhos, uma agitação ligeira, coisa leve. E isso também é estranho porque, se para o Sporting o jogo vale pouco (pouco na medida em que um derby possa valer pouco...), para o Benfica é tão somente o jogo que vale tudo. Ou nada. Chateia-me esta descontracção. Gostava de estar mais ansioso, com mais sentimento. Mas não, estou a deixar o tempo escoar-se placidamente até que o apito soe.

A estranheza transforma-se aos poucos numa preocupação que não agita. É uma preocupação conformada. Penso se isto não será pressentimento de... É melhor nem falar disso. Mas depois de dois anos a sentir alegrias imediatamente recicladas em depressões, não há garra para muito mais. Em Londres, o que poderia ter sido uma vitória à rasquinha, acabou por ser uma derrota heróica, por exemplo. Não me levem a mal, mas entre uma e outra, dispenso o heroísmo da questão.

Para logo que os rapazes se deixem de sofrimentos, que joguem como sabem e podem. Pensando bem no assunto, é óbvio que temos equipa para eles. Faltam duas horas e meia para me darem razão ou para que a caixa de comentários se encha com mimos. Agora, sim: começo a sentir o gostinho de um derby.

5 comentários:

Mario Rui disse...

Como sempre, dizes tudo.
Sinto exactamente o mesmo e para piorar o feeling, hj acordei e só me lembrei do jogo mais de 1 hora depois!
Agora, depois passar por aqui, já estou a começar a notar aquele nervosinho habitual. Isso é bom!
Grande blog, o teu! Obrigado pelas boas leituras.
Logo à noite é quinjeajero!!
Abraço

PS: A compilação do Pablito, tá em marcha?

Diego Armés disse...

Muito obrigado.
A compilação continua em marcha, sim senhor. O teu contributo será muito bem-vindo para aqui: pablopablitoaimar10@gmail.com.

Abraço

Maria Flausina disse...

E cá estou pra te encher de mimos... e pronto, é isto.

Mario Rui disse...

Seria pedir mt, mesmo que fosse só de vez em quando, que jogassemos à Benfica? E para mim, jogar à Benfica tem menos a ver com preciosismos de "notas artisticas", mas sim com garra, chama, vontade! Da Mistica já só restamos nós, as camisolas e a revista.
Ouvi dizer que houve carros a apitar com bandeiras de fora e tudo, aí em Lisboa. Amanhã (hj) é um dia perfeito para viver longe da nossa bela cidade.
Seria um prazer contribuir para enaltecer as imensas qualidades futebolisticas e humanas do nosso Pablito, mas deixo isso para quem domina o assunto muito melhor do que o Emerson domina uma bola.

Abraço e Vivó Benfica :-)

Vareta disse...

Mimos:

"levaste uma e já choras!"

"toma lá! esta é pró ranking, também!"

"ai Jesus que lá vou eu!"

"nem sequer bem-vos-fica / jogar com tão pouca pica"

"querias penálte? comprásse-lo antes!"

"ó Luisão: obrigadão!"

e por aí fora. Dormi regaladinho o jogo inteiro. Vi agora o resultado, com aquela piquena e ligeira satisfação do "olha, ganhámos". Mas entre continuar a ouvir o "The Death of Cool" dos Kitchens of Distinction e ir ler crónicas do jogo, a escolha parece-me óbvia. Riffa-lhe agora, Julian, que o Artur está distraído e ainda metes golo...