Sejamos realistas: o Benfica não pode ganhar tudo. Não conseguirá fazê-lo. E não adianta sermos matematicamente optimistas nem alardearmos que temos a equipa que melhor joga em Portugal. O Benfica até podia ter a selecção brasileira… aliás, a selecção espanhola com o Messi, que ainda é melhor, todos vestidos de encarnado: não seríamos campeões nacionais. Dizer que “ainda é possível” não passa de um perigoso whishful thinking.
Por isto mesmo, é imperioso acabar com as esperanças e ilusões da equipa. Deixar que Jorge Jesus esgote o onze inicial (e mais Jara e Carlos Martins) para correr atrás de um título de campeão que só lhe cairá nas mãos se o plantel portista for vítima de uma epidemia de ébola é simplesmente suicida. Vamos gastar trunfos e energias, armados em dons quixotes, quando devíamos rodar a equipa, poupar jogadores, dar minutos de competição a planos b menos experientes mas que nos podem ser muito úteis em alturas cruciais (e mesmo no futuro, na próxima época). Já me dói ver o Coentrão e o Maxi e o Gaitán e o Sálvio e o pobre Saviola a darem o que manifestamente já não têm em busca de três pontos inúteis contra um Marítimo medíocre.
Não me interpretem mal: ver o Benfica ganhar faz-me sempre feliz. E deixa-me imensamente satisfeito ver aquele espírito de sacrifício, aquela garra, aquela vontade toda ali, no campo. Mas, se contra o Sporting se tratava de uma obrigação – tratava-se de uma meia-final a um mão -, já contra este Braga, no próximo domingo, será um erro estratégico apostar na mesma dose de esforço. É que, se os jogadores rebentarem a desgastar-se com jogos insanos para um campeonato que ficou perdido à quarta jornada, como é que podemos querer ganhar as competições restantes? Com a equipa de juniores? O Villas-Boas olha para nós, olha para o Jesus, sorri e esfrega as mãos de contentamento. Pudera! O campeonato já é dele. E a eliminatória da Taça de Portugal ainda não está fechada, desenganem-se. E é só por isto que ele admite que sim senhor, está borradinho de medo deste grande Benfica, que realmente não se pode perder pontos. Ele quer que o Benfica rebente. Para, em Abril, vir à Luz e humilhar o Benfica, virando a eliminatória. Jesus não pode deixar que tal aconteça. Temos essa segunda mão da meia-final, temos a final da Taça da Liga (contra a terceira melhor equipa portuguesa da actualidade…) e temos uma Liga Europa – se não se pode exigir que a ganhemos, é legítimo que, pelo menos, se exija que ganhemos prestígio e respeito.
Por tudo isto, o melhor que poderia acontecer ao Benfica amanhã era que o Porto ganhasse uns 7 ou 8 a zero ao Vitória. Para nos tirar as esperanças no campeonato; para nos focarmos no que, neste momento, verdadeiramente importa. Eu sei que tudo isto soa mal. E se me custa abdicar de um campeonato matematicamente ao alcance! Mas há que ser pragmático e definir prioridades. E, antes que sejam os próprios benfiquistas, em vez dos homo habilis do costume, a obrigar-me a “moderar” os comentários, pensem: preferem ter equipa para ganhar duas provas e lutar por uma competição europeia ou continuar atrás do campeonato-miragem e perder tudo, num exercício claramente peseirista?
5 comentários:
Totalmente de acordo contigo. Agora falta fazer chegar a mensagem ao Jorge Jesus. Vai ser mais difícil porque ele é mais teimoso que um burro, mas não custa tentar.
Nem mais. E por vários motivos:
- Uma equipa do Benfica com 3 ou 4 alterações é perfeitamente capaz de ganhar em Braga - o modelo está bem assimilado por todos e os que menos jogam são facilmente integrados no jogar benfiquista.
- O campeonato está praticamente decidido. Temos de focar nas 3 competições em que temos verdadeiramente hipóteses e em que dependemos só de nós para ganhá-las.
- Este absurdo de esforço a que os 13 ou 14 jogadores têm sido sujeitos para além de estúpido do ponto de vista estratégico, visto que os jogadores já não rendem o que podiam render, tem criado lesões (Aimar foi o primeiro; mais virão) e transmite aos que não jogam uma ideia má de que não são suficientemente bons. A troca do Moreira pelo Roberto foi uma estupidez tremenda. E há jogadores que podem ter uma prestação boa nestes meses que faltam. Por exemplo, gostei muito da entrada do Menezes neste último jogo, acho que pode ser uma solução para a posição 10, remtendo o Martins para interior, podendo poupar o Salvio ou o Gaitán. O Airton é outro que deve aparecer mais, especialmente porque faz tanto de trinco como de lateral - não percebi a não convocatória neste último jogo. Além destes, Jara, claro, mas também Nuno Gomes, Weldon, Peixoto e - heresia das heresias! - Luís Filipe. E os reforços? Não contam?
- Acredito muito na Liga Europa. Desde que os jogadores tenham pernas para isso.
*atira pedras* :))
eu compreendo mas não acho que seja preciso um ébola no FPC. Faltam 8 jornadas. É muita jornada ainda, mesmo para 8 pontos (se ganharmos hoje). Se o porto perder 1 jogo e depois perder o jogo connosco, fica só a 2 pontos de nós e nem que seja para a última jornada, vai tremer. Mas concordo que a gestão do plantel é essencial e penso que é de facto um erro exagerar na carga de certos jogadores.
Bom dia, entretanto o nosso problema foi resolvido, considera o meu comentário sem efeito :\ apesar de ter sido inglório acabar por perder o campeonato da mesma forma que o começámos a perder (frangos do roberto e arbitragens mais que duvidosas). Nota mental no entanto para a dedicação do Braga. Juro que quando os vi a jogar com o porto pareciam uns cordeirinhos mansos. Ali era sarrafada de meia noite e quase que comiam relva. Tivemos um efeito semelhante no Sporting mas ao menos ali houve um fairplay razoável.
Meu amigo, não me convenço que o campeonato não estava já perdido - é claro que estava. Ou, melhor, estava ganho pelo Porto, já que o Benfica está a fazer uma óptima liga (penso que temos mais pontos do que o ano passado à mesma jornada, inclusivamente). Foi bom termos conseguido esta fantástica sequência de vitórias; foi óptimo termo-nos mantido em todas as provas. Agora é tentar ser feliz no que resta - ainda há três troféus em jogo, dois deles perfeitamente ao nosso alcance.
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