É complicado. Uma pessoa não sabe muito bem por onde começar, como abordar o assunto, até onde esticá-lo. É arriscado acrescentar o que quer que seja a uma obra-prima já concluída. Mas fica aquela sensação de que se pode ainda dar um retoque, o nosso toque pessoal. Provavelmente, tudo isto é fruto do meu egoísmo e existe aqui uma necessidade de apropriação: eu queria ter sido um bocadinho do Paulo Futre ali, naquele momento. Eu quero ser capaz de dizer convictamente a palavra “d’nhêro” ou dirigir-me a Dias Ferreira chamando-lhe “o grande homem” sem ter de morder os lábios. Eu quero dizer “twenty” quando estou a falar de um clube holandês sem qualquer problema de consciência.
Mas é a parte do “d’nhêro” a que mais me impressiona e cativa e é também sobre ela que vou debruçar-me. Ouço Futre dizer “d’nhêro” e sou imediatamente remetido para salões de snooker cheios de fumo invadidos pela dupla Tom Cruise e Paul Newman. Encantar-me-ia que o título do filme se pronunciasse “A cor do d’nhêro” e que Cruise fosse substituído por Jackie Chan. A cor do d’nhêro seria amarelo, como os chineses. Há um chinês particularmente amarelo que já fez história em Alvalade. Se não é o melhor chinês da actualidade, pouco importa. Eles são todos iguais, ninguém dá por ela. É este aqui. Era do Grande Dépór.
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