Hoje vou ver a equipa do Fábio Coentrão. Diz que vai jogar desfalcada. Vão pôr o Martins e mais uns portugueses - não sei qual é a ideia. Compreendo, do ponto de vista da preservação do património cultural imaterial português, nomeadamente pela televisionalização da língua portuguesa ("foda-se", "filhadaputa", "faiz o gol, cara", "caralho", mete-o no cu", "dá a bola, boi", por aí fora), mas não compensa o que se perde com a ausência do registo tanguero. Fora o, como agora se usa dizer, "aroma das pampas", existe ainda o dilema negro: Hugo Almeida ou Hélder Postiga para o lugar de Óscar Cardozo? A mim deprime-me.
Perante certas coisas, dou comigo a preferir vir um dia a ouvir o Coentrão gritar "hijo de puta" e "coño" a vê-lo humilhado no meio de tão fraca companhia.
Também por isto, equaciono seriamente a possibilidade de me naturalizar argentino - e aproveito para levantar aqui uma lebre: por que é que se chama "naturalizar" a um processo em que se atribui a um indivíduo uma nacionalidade diferente da original, essa sim, obtida "naturalmente" no sítio onde nasceu? Traz água no bico. Não quero ser picuinhas, mas estas situações causam-me desconforto.
Inevitavelmente, puxarei pela equipa do Coentrão. Puxaria nem que ele fosse para os Unidos de Kandahar ou para o Atlético de Piongiang. Mas será muito aborrecido vê-lo subir no terreno e saber que não haverá uma combinação com Aimar ou Gaitán. Entendo que o Jesus queira poupar a equipa para receber o Porto, mas isto parece-me um exagero.
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