Era domingo, dia 6 de Março, era Carnaval e o Benfica perdeu. Foi a primeira vez que tal aconteceu em 2011 – e aconteceu só depois de uma impressionante série de 18 vitórias consecutivas (das quais, cinco eu tive a honra de presenciar na Luz), uma série que começara ainda em 2010.
Se me custou? Pois custou. Não há derrota que não custe. E custa-me muito vê-los, no limite do esforço, a tentar, a tentar, a tentar… e a tentar mais uma vez, mais um bocadinho. Eu tenho muito orgulho nesta equipa, não sei se já o disse aqui. Tenho muito gosto em ver estas camisolas nestes rapazes. E comove-me vê-los, quase poéticos, a correr atrás de um campeonato que não se deixa apanhar. E fico feliz porque aquelas quinas nas camisolas são imensamente justas.
Ontem custou-me ver Javi ser expulso por levar uma cotovelada no estômago; e custou-me ver Roberto falhar – ele que tanto trabalhou para recuperar a confiança e que tantas grandes defesas tem feito; custou-me ver Saviola renascido a ser substituído por força das circunstâncias, ele que estava a ser notável, brilhante, como ele realmente é; e custou-me ver um grande golo marcado ao Benfica – mas, pelo menos, foi um grande golo, valha-nos o lado estético. Também me custou ver um público absurdamente incendiado, não se percebe bem porquê, contra o Benfica e, sobretudo, contra os seus jogadores – bolas de golfe? Isqueiros? Mas está tudo doido? No Dragão já é de esperar. Mas em Braga? Vou só fazer um pequeno ponto de situação: caros adeptos do Braga, vocês não são nossos rivais. Lamento. E lamento ainda mais ver o estádio de Braga transformar-se em mais um ringue gratuitamente anti-benfiquista. Porquê?
Agora, o que não me custou.
Não me custou, nada mesmo, “saber” hoje pela imprensa que o Porto é campeão. Primeiro, porque já o sabia (como é que o Benfica ia recuperar 9 pontos em 8 jogos perante uma equipa que perdera apenas 4 em 22? Matematicamente possível? Não pelas minhas contas…); segundo, porque não foi o Benfica que perdeu este campeonato – O Benfica está a fazer uma prova absolutamente notável! Foi o Porto que não se deixou apanhar. Uma equipa que cede pontos em apenas dois jogos só pode merecer ser campeã. Parabéns ao Porto. Fica a lição: para o ano, não são permitidos arranques em falso. E fica, sobretudo, a obrigação: para o ano temos de ser campeões.
Não me custou mas surpreendeu-me um pouco ser alvo da euforia de alguns portistas deslocados. Se à quinta jornada eram campeões, por que razão só agora se sentiram enlouquecidos pela vitória? Leva-me a crer que, afinal, não era só Jesus que ainda acreditava que o Benfica podia chegar ao título. Essa euforia festiva não me cheira a Carnaval, meninos. Soa-me mais a suspiro de alívio.
E também não me custou – e nem sequer me surpreendeu – ouvir os festejos dos sportinguistas pela derrota do Benfica. Na verdade, encontrei neles algum conforto. No momento da derrota, extraio uma espécie de satisfação sádica na consciência de que há alguém mais infeliz do que eu.
Era domingo e era Carnaval, o Benfica perdeu e isso foi histórico; hoje remexem-se cinzas, logo à noite haverá mais festa e amanhã haverá desfile no Sambódromo; quarta-feira haja cinza outra vez, que o fogo está de volta na quinta, no Inferno da Luz. E isso é que me importa. O resto é passado.
3 comentários:
Grande Diego, fico feliz por saber que voltaste a estas lides :)
Parabéns Mulungo
Moleirinho
Ora aqui está um blog clubístico que eu aprecio: sem palas nos olhos, com sentido crítico e, claro, benfiquista!
Abraço!
Excelente
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