sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Talvez pudesses ter ficado calado #2

«Não digas desta água não beberei», «não cuspas para o ar», «não mijes contra o vento», «não atires gravilha aos pombos». Os avisos foram mais que muitos. A verdade é que a sabedoria popular reuniu, ao longo de gerações e gerações de esforçados empiristas, um vasto conjunto de pistas que, no fundo, tinham um único objectivo: alertar-me para os riscos de me armar em esperto. Eu, ingenuamente, não liguei nenhuma, porque essas coisas que o povo diz nada me dizem. Está visto que cometi um erro.

Assim, ontem, com a voracidade de quem quer ser engraçadinho, concebi uma chalaça que até podia ter sido de bom nível. Fazer chacota de Eduardo Barroso, embora seja fácil e acessível a qualquer criativo mediano, pode produzir bons resultados e captar audiências – nomeadamente de pessoas doentes do fígado que vão ao Google tentar perceber quem é, afinal, o homem que os vai livrar da cirrose. Era praticamente um golo à espera de ser marcado. E que fiz eu? Atirei ao poste: chamei Alfredo a quem se chama Eduardo, com a maior das descontracções. Isto é coisa que exige penitência. Não tanto pela gafe em si, mas sobretudo por ter arruinado espertalhonamente um texto cheio de potencial.

Como castigo, decidi pôr aqui as minhas orelhas de burro. Como não encontrei nenhumas suficientemente vexatórias, optei por ser mais drástico: cabeça de burro. Ai, Diego, Diego… tu não aprendes.






Diego Armés é de um vermelho granada bastante denso, de nariz complexo com muitas frutas vermelhas amadurecidas, bem casadas com o carvalho por onde estagiou.