(Pequeno Vermelho): Master, leste o que disse Vareta?
(Eu): Não, Pequeno Vermelho. Que disse Vareta?
(Pequeno Vermelho): Ele diz que não tens razão, que te falta o cuspinho dos post-its quando expões a tese de que a condição de Benfiquista é essencial ao homem quando nasce.
(Eu): Ofereço a Vareta a minha expressão mais profundamente admirada.
(Pequeno Vermelho): Hu-hum… e diz que copias o excepcionalismo americano.
(Eu): Pequeno Vermelho, tu sabes como jogam futebol os americanos?
(Pequeno Vermelho): Não, Master. Como é?
(Eu)? Com as mãos.
(Pequeno Vermelho): Oh… O meu espanto é monumental.
(Eu): E de capacete! É para que vejas como as pessoas conseguem, por vezes, ser insensatas e injustas. Que comparação descabida! Estamos perante um povo que modificou geneticamente o Belo Desporto, como podes constatar.
(Pequeno Vermelho): O horror… o horror…
(Eu): De tal modo que um jogador americano de futebol é substancialmente diferente de um jogador de futebol americano.
(Pequeno Vermelho): O Onyewu é um jogador de futebol americano ou um americano jogador de futebol?
(Eu): Bom… é… do Sporting. É… diferente.
(Pequeno Vermelho): Ah, pois…
(Eu): E que mais diz Vareta?
(Pequeno Vermelho): Diz que o Benfiquismo, tal como o vês, pode ser equiparado à circuncisão.
(Eu): Americano e judeu… Dirá, também, Vareta que o Estádio da Luz fica em Hollywood?! Estou desconcertado.
(Pequeno Vermelho): E diz que o Benfiquismo nasce do não-Benfiquismo e não o contrário. Afirma Vareta que «o não-Benfiquismo se transforma na condição necessária ao nascimento do Benfiquismo».
(Eu): Que afirmação imprudente.
(Pequeno Vermelho): Explica-me, Master: onde está a verdade?
(Eu): Diz-me, Pequeno Vermelho, com quantos dedos nas mãos nasce um homem?
(Pequeno Vermelho): Dez, Master. Cinco em cada mão.
(Eu): E será normal se um homem nascer sem dedos?
(Pequeno Vermelho): Não, Master.
(Eu): Nascer com dez dedos é como nascer Benfiquista: é o que faz parte. Afirmar que o Benfiquismo nasce do não-Benfiquismo é insensato – é como dizer que o normal é que um homem nasça sem dedos. É verdade que pode acontecer. Mas não será normal.
(Pequeno Vermelho): E se nascer com nove dedos? Ou com onze?
(Eu): Segundo Vareta, será perfeitamente normal. Porém, não é esse o padrão a que a Natureza nos habituou, pois não?
(Pequeno Vermelho): Não, Master.
(Eu): O homem nasce Benfiquista e com dez dedos. Nascer com nove ou com onze é um acidente, tal como nascer não-Benfiquista.
(Pequeno Vermelho): O Álvaro nasceu com onze…
(Eu): Mas Benfiquista.
(Pequeno Vermelho): E o Shéu com nove..
(Eu): É para que vejas…
3 comentários:
Tal como "dar à luz", "encarnar".
Mas deve ter sido um gajo com 11 dedos que me palmou hoje o telemóvel!
http://simaoescuta.blogspot.com/2012/01/perdoem-me-o-vernaculo.html
clap, clap, clap, meu caro. Fabulástico!
Aliás, todo o blog é fabulástico. Apesar de não botar faladura, venho cá sempre e com crescente prazer.
O melhor blog do mundo e arredores? Seria um em que escrevessem o Diego dono do tasco, o Ricardo do Vi-te, o Constantino do Mão de Vata, o Boloposte do BnR e o Douglas que escrevia no Cacifo (sim é lagarto contudo é talentoso ajuntador de palavras e inteligente. Sei o que estás a pensar... impossível né?! Encara a coisa como a excepção que confirma a regra)
Não querem pensar nisso? Seria um blog do c...
Zurzido e apodado, Vareta curva-se humildemente ante o que é normal: a costela absolutista de tudo quanto se crê norma.
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