- Que elaboras, Pequeno Vermelho?
- Master, não te ouvi entrar...
- Porque me movo como a brisa primaveril.
- Aprofundo sonhos, Master. Elaboro pensamentos.
- Fazes desenhos...
- Bom, não são bem desenhos.
- Rabiscos.
- Não, Master... são... tácticas.
- Ah, tácticas. Tácticas é bom.
- São tácticas alternativas.
- Alternativo também é bom. Está muito na moda. E é alternativo a quê?
- Bom, eu... No último jogo, eu vi Aimar começar no banco.
- Todos o vimos. Todos o vimos, Pequeno Vermelho...
- E até me fez sentido, no momento.
- Porém...
- Porém, depois vi Aimar entrar em campo e jogar e ganhar o jogo com delícia.
- Todos nos deliciámos, Pequeno Vermelho.
- Pois foi. E, mais tarde li o teu magnífico texto sobre Aimar.
- Sou modesto e aceito o teu elogio com humildade.
- Pois, eu sei que és, Master. E é contigo que aprendo. Mas dizia que li o teu texto e uma luz se acendeu em mim: a luz do problema. Porque, como tu dizes, "o problema é
- a luz que alumia o conhecimento", sim Pequeno Vermelho.
- Problematizei: se é de universal injustiça ou até mesmo ofensa iniciar um jogo com Aimar no banco, como fazer para incluí-lo numa equipa em grande forma, sendo que não existe a possibilidade de alinhar com 12?
- A tua pergunta é inteligente.
- Javi é a fundação do meio-campo, Witsel o seu dínamo e pulmão; Bruno César é arte e surpresa, Nolito é determinação e rasgo; Rodrigo é um puro sangue letal. E Cardozo...
- Cardozo é quem nos faz os golos. Quem tirarias tu de entre estes, Pequeno Vermelho?
- Ponderei, Master querido. Não obtive resultados. E então meditei.
- O teu processo é irrepreensível!
- Foi em ti que observei o método.
- E que te disseram os pensamentos que o Cosmos te ofereceu?
- Disseram-me que a minha questão não era certeira.
- Como assim?
- Sim, assim mesmo. E que, num conjunto, só se deve emendar as fraquezas, nunca as forças.
- Faz sentido. Mas onde está então a fraqueza? Se não existe, deverá Aimar permanecer no banco?
- Não, Master querido. Eu, ingénuo, busquei a fraqueza onde ela não existia, esse foi o meu erro. Fui preconceituoso. Voltei a ponderar. E perguntei-me "se a fraqueza não está aqui, no sítio em que a procuro, onde poderá ela estar?".
- Ah, espera... espera... dá-me sete segundos de pensamento. Espera... já sei: o Emerson! Claro, o Emerson!
- O teu brilho fascina-me, Master.
- Mostra-me os teus desenhos.
- São tácticas.
- Mostra-me as tuas tácticas.
- O meu espanto e admiração por ti são crescentes, Pequeno Vermelho.
- Ruboresço de embaraço e também de orgulho.
- Que clarividência! Que audácia! Que maturidade! Que idade tens, Pequeno Vermelho?
- Se penso no que sei, sou imberbe e ignorante. Mas quando questiono o que é tomado como óbvio, sinto-me velho como o Universo.
- ... Esta semana não vemos mais o Karaté Kid.
20 comentários:
Sabes que mais? Até gostava de experimentar...mas tinha que haver muito, muito trabalho pela frente.
Grande maluquice.
Acho q essa maêutica táctica para resultar teria q ser com um médio esquerdo "mais ala do que extremo".
Não sei se o Nolito tem capacidade para o fazer. Receio que fizesse 2 ou 3 1s para 1s e sem cobertura devida nas costas....podia ser complicado.
Mas não considero, como o Aprendiz, que a equipa seja mais forte por ter os melhores jogadores todos a jogar ao mesmo tempo.
A fortaleza pode nascer precisamente de poder adicionar ou trocar trunfos à mão anterior.
Pensa sobre isto...
«A fortaleza pode nascer precisamente de poder adicionar ou trocar trunfos à mão anterior». Gosto. Vou guardar para futuras conversas com o Pequeno Vermelho.
Entendam o post como uma proposta "a pensar", não como um "isto devia ser assim já no sábado".
SE Aimar jogar de início...
Quem devia sair é Rodrigo, para entrar fresco se a coisa estiver complicada.
Respeitar o adversário e jogar naquele arremesso de 4-3-3.
O 4-4-2 é para utilizar em casa com os pequenos-não-vermelhos.
Se formos para a Feira com o 4-4-2 'à seja ceguinho' vamos ter uma surpresa e não é das boas.
Mas quem vai sair vai ser o César para jogar o Nico.
Quanto à sugestão, se sair o Emerson, nem é preciso entrar o Aimar.
Se deixamos de ter fraquezas, para quê destrunfarmo-nos a nós próprios?
Cumprimentos,
Benfica Sempre!
Adoro "As crónicas do Master e Pequeno Vermelho".
Esse pensamento solto, melhor, meditação, até pode ser muito bem fundamentada na teoria, mas na prática só funcionaria nos jogos com o Sporting, ou em jogos em casa com clubes do fundo da tabela.
Cometemos um erro com Nico. Não o vendemos enquanto foi tempo e estava inflaccionado.
Parece-me claro que quer dar o salto e só se vai aplicar a sério num jogo grande ou na Champions.
Não serve.
Como é que ainda ninguém comentou as luvas do Artur?
Adoro!
Falha grave: o boneco do Witsel não tem cabelo à Witsel.
Pergunta então ao Pequeno Vermelho porque não um 3-5-2?
Assim o fiz e assim me respondeu Pequeno Vermelho: "3-5-2, 2-1-2-3-2, Zé Manel ou Cristina: o nome é indiferente, desde que obedeçam à ilustração".
Diego, eu acho que ele se referia a jogar com 3 Centrais.
Mas a verdade, é que isso é o que fazemos sempre que atacamos.
Um dia destes falarei sobre nomes que se dão às tácticas - mais parecem combinações de cofres. Se deixar a malta mais tranquila, epá: isto é um 3-5-2. Mas também pode ser um 3-3-2-2. Ou outra coisa, depende de como os jogadores se movomentarem em determinada circunstância. Não estamos a falar de matraquilhos - aí é 2-5-3 e toda a gente percebe porquê. Aqui, não. É um desporto dinâmico. Existe um posição em obediência a uma função, a um objectivo, numa determinada circunstância.
Sim, era a 3 centrais que me estava a referir. Eu não percebo nada de tácticas, nunca joguei futebol federado. Só percebia de dar beliscões ao pivot e meter-lhes a cara no meu sovaco.
Eu queria era saber se achas que temos plantel para jogar em 3-5-2, mesmo com toda a dinâmica que uma equipa tenha as peças estarão sempre no tabuleiro presas numa táctica estática, no papel.
É que olhando para os nossos jogadores, e eu fosse o treinador que viria a ganhar a Champions com o Benfica, eu apostava no 3-5-2.
Mas é precisamente essa dinâmica que faz com que as peças no tabuleiro não sejam estácticas. O conceito de "táctica" associado a uma distribuição "das pedras", digamos assim, é uma mera referência. Podemos dizer que o Benfica joga em 4-3-3 ou 4-4-2. Mas, na verdade, temos dois laterias ("defesas") que passam a vida a fazer triangulações e cruzamentos para a área adversária, por exemplo. Além disto, o jogo do futebol tem mais do que dois momentos - não se limita a defesa vs. ataque. Há a recuperação, há a construção...
Mas, pegando no 3-5-2: sim, penso que é uma solução viável (sem descartar o actual esquema, atenção: eles podem coexistir, variando de jogo para jogo). Neste desenho que sugiro, imagina o Javi como terceiro central, compensando a tendência naturalmente atacante do Nolito. O Nolito seria apenas "esquerdo", nãos e pode dizer que fosse um "defesa" esquerdo - o corredor é dele e deve pegar na bola e transportá-la. A defender, alguém tem de compensar a sua falta de competência. Do lado contrário, o Maxi acaba por etr funções semelhantes, embora as rotinas e a raça lhe permitam desempenhar mais eficazmente funções defensivas.
Imaginemos então assim, da esquerda para a direita, em três linhas horizontais:
-Garay, Javi, Luisão;
-Nolito, Rodrigo, Witsel, Bruno César, Maxi;
-Aimar, Cardozo.
Dependendo das funções e do momento, cada peça terá uma recção. O Witsel não irá tão longe no terreno quanto a restante linha média; o Rodrigo deve ocupar espaços de ponta-de-lança sempre que a bola é lavada até à linha de fundo/área adversária; o Aimar deve recuar para poder organizar, juntando-se a Bruno César, sempre que ora Maxi, ora Nolito, vão até lá à frente.
A defender, os processos não diferem muito da situação com Emerson em campo: se Javi faz de terceiro central, é Witsel quem tem obrigações de primeiro tampão, sendo auxiliado por Bruno César. No fundo, os três homens mais "livres" de funções defensivas em lances de bola corrida serão Aimar, Cardozo e Rodrigo. Nas bolas paradas, tudo fica igual.
Este desenho que sugiro pode causar estranheza à primeira. Mas, se pensarmos bem, não anda longe do que a equipa é, na prática, quando está em posse de bola - sendo que conta com mais um elemento com poder de decisão.
Mas isto é so o que eu acho. O Jesus é que é o mister...
E porque não trocar, nas tuas linhas, o Aimar pelo Rodrigo e tirar o Bruno César em troca com o...Amorim
Não consigo ver porque metes o Rodrigo na linha do meio campo e deixas o Aimar, tipo Quique, a 2º avançado. Muahahahaaa. Se o Aimar já estiver de frente para a baliza, em vez de recuar para receber a bola, tem uma visão táctica de como poderá desenrolar a jogada muito superior do que se tiver que recuar para fazer uma tabela e tornar a avançar. Vendo o futebol do Aimar, do nada que percebo de futebol, chego à conclusão que se aproveita muito melhor as suas qualidades jogando no meio e subindo linhas de trás para a frente.
Com o Amorim no meio o Witsel tinha mais liberdade para subir e ganhava-se mais defensivamente que com o BCésar. Até o Aimar beneficiaria com o Amorim nas tarefas defensivas a ocupar os espaços do Javi. Certo? Ou estou completamente errado?
Ou jogar o Jardel e deixar o Javi no meio, sendo assim o Amorim não era para aqui chamado e podia continuar a correr pelo bairro dele.
Não há certo nem errado, são opiniões e a minha é diferente da tua - isto se não houvesse aqui um detalhe importante: estás a desrespeitar a minha premissa. Que é: não mexer nos que lá estão para introduzir o Aimar no 11 titular (ou seja, Bruno César não sai - não na minha táctica). Fora isso, pensar em Jardel e Ruben Amorim desrespeita o próprio Emerson: se é para isso, então deixemos estar como está. Mal por mal...
Relativamente a Aimar e ao posicionamento do Rodrigo, a questão é bastante simples: o Rodrigo funciona no apoio ao extremo (já se percebeu que é menino para fazê-lo com eficiência), coisa que seria um enorme desperdício obrigar o Aimar a fazer (o campo de acção do Aimar deverá ser sempre o centro do terreno e, na forma em que está, tanto pode jogar a apoiar os dois avançados - uma vez mais: isto é dinâmico; apesar de o desenho não o demonstrar, o Rodrigo pode mesmo mexer-se e é ele o segundo avançado, não o Aimar [é olhar para as setinhas, aquilo não é borboletas] - como fazer box-to-box, de Witsel a Cardozo).
Repito, sublinhando: a ideia é manter em campo Nolito, Aimar, Rodrigo, Cardozo e Bruno César (é essa a dificuldade), sabendo que Witsel e Javi são intocáveis. Daí a solução de entregar toda a faixa esquerda a Nolito com apoio na frente de Rodrigo e atrás de Javi ou Garay.
Mas podemos continuar a tentar complicar, tenho tempo...
Aquilo não são borboletas, lol.
Ok, esqueci-me desse detalhe da tua premissa. É que já só estava a imaginar o plantel à disposição e deixei-me levar pela imaginação de um possível 3-5-2.
Sendo assim não há mais que possa discutir, visto olhar para o teu desenho e não conseguir visualizar outra forma de os encaixar.
Mas voltando ao meu raciocínio de um hipotético 3-5-2, que é basicamente, o que o teu desenho representa, mas contando com todos os elementos do plantel. Isto somente com a premissa de deixar de fora o Emerson mas entrando nas contas Amorim e Enzo. (como não conheço o Enzo tb é melhor deixar o gajo de fora). Continuavas a apostar no B.César?
Nestas circunstâncias, sim. É muita potência junta aqueles 5 mais o Witsel e gosto de imaginar que é possível rentabilizá essa potência. Em circunstâncias diferentes, a hipótese Amorim será válida (isto, descontando o caso disciplinar). Este ano já jogou a interior e gostei de ver. É uma boa muleta para o Maxi. Mas a diferença de qualidade entre Amorim e César é gritante e o brasileiro está a adaptar-se muito bem ao modelo, àquela oscilação entre apoio à linha e defesa no interior; ainda transporta jogo, distribui e até faz diagonais em busca do remate... Não me parece que haja hipótese para o Ruben.
Penso que do lado esquerdo, sim: se houvesse uma hipótese mais consistente e equilibrada do que a bipolaridade Emerson-Nolito (uma espécie de Amorim com pé esquerdo), talvez pudéssemos repensar. Mas também me faz pena tirar o Nolito do 11...
Diego, estou contigo e não abro. A última vez que se tentou algo parecido transformaram um promissor extremo esquerdo num dos melhores laterais a nivel mundial.
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