quinta-feira, 8 de março de 2012

«O Benfica e o 'sistema'»

«Talvez o Benfica não queira afinal um sistema justo, mas apenas um sistema protector. A verdade, porém, é que, seja por uma razão, seja por outra, o Benfica nunca vai conseguir impor o contra-ciclo se se dispuser a alimentar este ‘jogo de sombras’

Nunca pensei dizer isto, mas o texto de Rui Santos de hoje no Record é um bom texto. Claro, simples, lúcido. Em não muitas palavras, analisa-se o apoio do Benfica a Fernando Gomes, a bipolaridade do poder no futebol (com centro claramente no Dragão e o Benfica a correr atrás do prejuízo) e a negociação dos direitos televisivos com a Olivedesportos enquanto “momento” decisivo na definição do Benfica neste tabuleiro: com eles, por interesse; ou contra eles, ainda que exposto a consequências negativas. A frase que escolhi sintetiza aquilo que penso sobre o assunto: recuperar a hegemonia no futebol português não pode passar pelo recurso ao mesmo modus operandi que tão bem caracteriza e distingue “o adversário”. Antes derrotado e honrado.

4 comentários:

Hugo disse...

Nunca pensei em concordar com Rui Santos mas é um facto...

E concordo contigo!

Ser como eles é deturpar os valores que nos fizeram crescer como benfiquistas...

Desporto e humildade acima de tudo...

Tolan disse...

No início LFV fez uma pressão forte para que a justiça interviesse. Conseguiu até unir esforços com Dias da Cunha numa espécie de aliança que o SCP se apressou em desfazer porque lhe está no adn ser mais anti-benfiquista que os tripeiros que os instrumentalizam para dividir. Só que, infelizmente, os tribunais, nem mesmo com escutas cabais a provar corrupção e putedo, arquivaram tudo e hoje não confio na justiça, porque mesmo perante provas, só mexe nos pequenos (boavista) mas não se atreveu a fazer frente ao FCP. O próprio LFV acabou por deixar cair esse discurso. É por isso que acredito não propriamente na "sombra", mas numa luta pelo poder na liga, da fpf, etc. de forma a equilibrar a balança e a cada clube vigiar os outros e trazer os podres à luz do dia. Uma alteração importante foi aquilo dos estatutos da liga a que o fcp e os seus clubes arregimentados se opuseram fortemente, quase à custa da nossa exclusão das competições europeias. E este negociação com a olivedesportos faz parte de um plano de longo prazo que se iniciou há pelo menos 3 anos com o projecto da benfica tv. Em Portugal, é bom fixar isto, os clubes recebem muito menos % dos direitos de transmissão do que os restantes clubes europeus. E notem, ofereceram 111 milhões ao benfica para um período que dá 22 milhões por ano, praticamente o mesmo que o FCP conseguiu (82 milhões por 4 anos) no ano passado. Agora consultem as audiências dos jogos e a dimensão dos mercados de cada clube e digam-me se o preço é justo! Só pela proporção de adeptos o Benfica deveria receber quase o dobro. Um estudo da sport markt alemã estima 2,2 milhões o número de adeptos do benfica (parece pouco mas devem referir-se a adeptos activos, que vão a jogos etc.) e no mesmo estudo o porto tem 1,3 milhões! É bom que subam a parada.

Tolan disse...

Já nem falo aqui do mercado dos imigrantes, dos africanos etc. Eu penso que a solução é o Benfica deter a transmissão em casa e chegar a acordo para a transmissão dos direitos nos jogos fora do campeonato de a liga (na europa seriam dele). Isto não existe em lado nenhum no mundo. Contudo, talvez o Benfica tenha mercado potencial a nível global para explorar isto, algo que mais nenhum clube do mundo tem. Seria preciso estudar o caso como deve ser. Não vejo nenhum clube a encher estádios noutro país, como sucede ao Benfica quando vai a França ou Suiça por exemplo. Um dos pontos fortes de LFV no meu entender tem sido a forma como gere estas coisas. Passámos de 90 mil sócios para quase 250 mil em meia dúzia de anos. A ideia dos fundos de investimento para comprar jogadores foi pioneira e excelente porque dispersa o risco e foca o clube naquilo que deve fazer: gerir receitas correntes de sócios, bilheteiras, direitos de transmissão e não numa especulação arriscada em que uma sucessão de más apostas pode levar o clube à falência total. O modelo começou a ser copiado por outros ao ponto da UEFA querer já intervir e limitar este instrumento.

lawrence disse...

Tolan:
Tudo bem até aos fundos de investimento.
Que eu acho ser apenas e só uma forma de à falta de capacidade financeira momentânea, permitir ao clube comprar alguns jogadores que precise.
Porque os fundos tem dois pecados:
1 - Não perdem dinheiro o que é o mesmo que dizer que vão buscar o lucro à parte que em condições normais seria do clube.
2 - "Obrigam" a vendas regulares que podem ir contra a necessidade do clube em manter este ou aquele jogador por mais tempo.